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“Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós”(

Publicado por Pe. Nelito Dornelas em 19/06/2016 às 23h28 Por Pe. Nelito Dornelas

“Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós”(Santo Agostinho)

As Comunidades Eclesiais de Base têm, geralmente, uma presença ativa na sua localidade e na sociedade mais ampla, através de diferentes tipos de atividades. Elas sempre contribuíram, direta ou indiretamente, com a militância sócio transformadora da sociedade, sustentando-a com sua reserva moral, ética e espiritual. Como o Bom Samaritano, souberam cultivar uma verdadeira espiritualidade do cuidado e da justiça, na vivência de uma verdadeira Santidade Política que se concretizou ao longo dos anos através de suas ações, como: ð  solidariedade com as causas populares; ð  resistência e a esperança pascal nos conflitos sociais e nas perseguições, até mesmo no martírio; ð  apoio às várias lutas libertárias da minorias e às justas reivindicações das classes trabalhadoras; ð  paciência histórica a respeito do ritmo do povo, mesmo na lentidão das mudanças; ð  busca da participação popular e a aceitação leal das decisões comunitárias; ð  disponibilidade, partilha dos bens, hospitalidade, solidariedade; ð  indignação ética e incentivo à militância nas diversas frentes sociais, inclusive partidária; ð  luta contra toda tentação do poder, do enriquecimento ilícito, da corrupção, do ódio e da vingança, da busca de prestígio pessoal, de egoísmo de grupo,  do corporativismo; ð  capacidade de alimentar a luta com a oração, meditação e reflexão da Bíblia, lida como Palavra de Deus inserida na realidade;  As Comunidades Eclesiais de Base assumem inúmeras iniciativas para enfrentar os problemas sociais, desde atividades assistenciais até as lutas coletivas. Quase todas as comunidades têm alguma forma de assistência material aos mais necessitados.  Para enfrentar o desemprego, muitas comunidades organizaram grupos de geração de renda, de economia popular solidária e a formação de cooperativas. Para enfrentar os problemas de saúde organizam os mais variados grupos de cuidado, desde o cultivo das plantas medicinais às mais ousadas iniciativas. Em 2005, a CNBB, publicou o Documento 80, sobre  Evangelização e Missão Profética da Igreja, no qual  propõe para toda a igreja, inspirado na prática das Comunidades Eclesiais de Base, como meta de ação sócio transformadora essas “possíveis pistas de ação”: a) Formar e animar comunidades eclesiais; b) Novos horizontes para a juventude; c) Acreditar na família; d) Obras que nascem da fé; e) Promover centros culturais; f) Incentivar novas formas de trabalho.  a)      Formar e animar comunidades eclesiais de base “As paróquias recuperem o espírito missionário entre discípulos e discípulas de Jesus tornando-se “a morada de Deus entre os homens”, casa do pão que desceu do céu. Com frequência as paróquias fomentem a formação de comunidades urbanas e rurais. O grande desafio é dar uma feição nova ao Povo de Deus, a fim de que, como fermento na massa, contribua para uma profunda renovação intelectual e moral das pessoas e de toda sociedade, hoje particularmente devastada (Is 65,21-23).” b)     Novos horizontes para a juventude “A juventude, em particular os jovens pobres, merece atenção muito especial. É urgente investir numa ação evangelizadora que conduza os jovens ao  “encontro pessoal com Cristo vivo”, e lhes abra os horizontes do Evangelho. A Igreja deve ajudar os jovens a descobrir a “esperança que não decepciona”, para torná-los capaz de assumir com alegria a espiritualidade da comunhão e o compromisso de amor gratuito a serviço do próximo. É importante intensificar a missão evangelizadora, que os ajude a identificar um ideal de vida digna e solidária, com educação de qualidade e oportunidades de emprego, e alguns pontos firmes para orientar-se nas circunstâncias atuais, na certeza de poder contar com a amizade fraterna e o apoio da comunidade que os acompanha no caminho rumo ao próprio destino.  c)      Acreditar na família “A família é o maior recurso para a pessoa, para a sociedade e para a Igreja, pois é a sua célula mais decisiva para a vivência dos valores humanos evangélicos e sua transmissão para as novas gerações. Criar Centros de Apoio à Família, para acolher e orientar famílias fragilizadas. Acreditar na família é construir o futuro”. d)     Obras que nascem da fé “O que mais realiza a Igreja, tornando visível seu empenho social, o que dá um testemunho persuasivo da eficácia da fé vivenciada em comunidade, são as obras que nascem da fé e que respondem a necessidades concretas e tornam visível o compromisso social da comunidade eclesial. “A fé sem obras é morta” (Tg 2,22). Essas obras podem ser pequenas ou grandes. O que importa é impregnar-se de uma mentalidade que nasce do Evangelho”.  e)      Promover centros culturais “As dioceses e paróquias devem criar Centros Culturais com o intuito de favorecer o diálogo, oferecendo oportunidades de encontro, de debate, sobre temas atuais e desafios novos, que terão enriquecimento mútuo entre a Igreja e os vários setores da sociedade. Os Centros Culturais, conforme cada realidade, poderão realizar encontros de caráter erudito ou popular. Essas iniciativas abrem espaços aptos para encontrar pessoas afastadas de práticas religiosas”.  f)       Incentivar novas formas de trabalho “É incalculável o sofrimento de milhões de pessoas por causa do desemprego e das dificuldades de prover a família do mínimo necessário para uma vida digna. É necessário provocar uma mobilização nacional que envolva desde as comunidades eclesiais de base, até os órgãos de administração pública, municipal, estadual e federal, para lançar mão de todos os recursos humanos e materiais, a fim de acelerar o processo de ampliação de oportunidade de trabalho”.  Depois cinco séculos de história e da presença viva da igreja na sociedade, neste tempo de transição, no qual aparecem mais sombras do que luzes, é hora da igreja através de suas comunidades e de sua organização paroquial e seus diversos serviços e pastorais, dar mais uma vez sua valiosa contribuição ao povo brasileiro nesta fase crítica de transição. Continuemos nosso trabalho de base para que esta geração acorde de vez e possa viver os valores da solidariedade, da fraternidade, da liberdade e da dignidade humana e acredite na grandeza das pequenas coisas. Categoria: A CAMINHO

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