Além de um momento forte para aprofundar as temáticas que integram a vida e a missão das comunidades, o Intereclesial é um momento também para celebrar as muitas possibilidades para a implantação e o fortalecimento de um outro modelo econômico e social caracterizado pela valorização dos saberes e dos valores que nascem e se propagam a partir das comunidades tradicionais, da sabedoria e da criatividade popular, sejam elas de origem indígena, ribeirinha, quilombola, negra, regional, etc.
Ao refletir sobre os desafios no mundo urbano, o Intereclesial abre espaço para a Feira de Economia Solidária. Uma proposta que se fundamenta na valorização das práticas culturais, dos saberes comunitários, da vocação dos territórios e do incentivo à coletividade. Ou seja, o espaço é um convite para o consumo consciente e para a aproximação entre os grupos e empreendimentos solidários, a comunidade local e os mais de três mil participantes do Intereclesial.
Identidade solidária
Toda feira de economia solidária é sempre uma celebração da cooperação que marca o caminho trilhado pelas pessoas e empreendimentos que apostam na cultura solidária como proposta concreta de um outro sistema econômico e social possível. A coordenação desta inciativa solidária dentro do Intereclesial está sob a responsabilidade da Cáritas Arquidiocesana de Londrina. A coordenadora da equipe de articulação da Feira, Deusa Favero, diz que o espaço foi pensado não como um local de incentivo ao consumismo. “A proposta é que esse espaço de feira com a presença dos empreendimentos de economia solidária aqui no 14º Intereclesial seja um local de trocas de saberes e sabores, fugindo totalmente de uma ideia de consumismo e abrindo espaço para a valorização do que é pensado e produzido pelas comunidades e grupos, afirma”.
Infraestrutura
No espaço da feira é possível conhecer e trocar experiências com produtores/as, artesãos/ãs, indígenas e grupos de empreendimentos sociais de todo o Brasil. Quem visitar o local, que está montado no pátio externo do Ginásio de Esportes Moringão, em Londrina (PR), poderá percorrer três espaços diferenciados com produtos oferecidos pelas iniciativas da economia solidária de artesanato e alimentos beneficiados, além de publicações culturais, religiosas, pastorais e teológicas.
Roda de Conversa
Na tarde desta quarta-feira (24), a Cáritas Arquidiocesa de Londrina em parceira com a Cáritas Brasilera, realizou uma roda de conversa com cerca de 40 representantes dos empreendimentos da economia solidária presentes no 14º Intereclesial.
O momento foi marcado pela partilha e pela análise do cenário atual com relação às políticas públicas no campo da economia solidária e de como os grupos estão se mobilizando mesmo diante dos poucos recursos que atualmente são destinados para incentivar e fomentar a organização, produção e comercialização dos empreendimentos que existem. “A organização dos trabalhadores e trabalhadoras é fundamental para reivindicar os direitos das pessoas que acreditam em outra maneira de promover desenvolvimento, preservar culturas e saberes e gerar renda com justiça social”, destacou o coordenador da Cáritas Brasileira Fernando Zamban que animou a roda de conversa ao lado da assessora do Regional Paraná da Cáritas, Joseanair Hermes.
Projeto de lei
Segundo mapeamento do Fórum Brasileira de Economia Solidária, o Brasil possui 20 mil empreendimentos de economia solidária, mas estima-se que na verdade esse número possa chegar a 100 mil. Em outubro de 2017 a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL 4685/2012) que cria o Sistema Nacional da Economia Solidária, que inclui, além do sistema, a política e o fundo nacional da economia solidária. Agora o PL espera votação no Senado.
Por Jucelene Rocha Assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira [FAG id=8225]