Por Nilton Mendonça – Comunica15
CEBs quer ser o abraço de Deus a todos aqueles e aquelas que não tem voz.
Não é cristão ignorar os gritos que vem do seu povo. “Por isso não devemos esperar que Deus faça tudo”, disse em entrevista ao Comunica15.
O bispo da Diocese de Floresta (PE), membro da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo referencial para as CEBs, Dom Gabriel Marchesi, afirmou nesta sexta-feira, 21/07, que um caminho para entender a missão das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) é lembrar que “Deus age na vida das pessoas, através dos seus filhos e filhas. Assim como aconteceu com a vocação de Moisés e com os apóstolos que Jesus chamou e depois enviou”.
Segundo Dom Gabriel, é necessário lembrar que a verdadeira fé deve incluir não apenas o coração e a mente, mas também os pés e as mãos, ou seja, cada cristão é chamado e enviado na totalidade do seu ser.
É assim que Deus “nos envia aos irmãos e as irmãs para fazer com que o amor dele, que não tem limite, chegue em todos os cantos, em todas as circunstâncias, não somente como promessa para uma plenitude que acontecerá no futuro, mas também como realização a partir do hoje, em que somos chamados a fazer com que, aqui e agora, venha o Reino de Deus”, enfatizou.
INTERECLESIAL – Dom Gabriel é bispo referencial do episcopado brasileiro para as CEBs, e ele lembrou que o Intereclesial, que já acontece há 50 anos, não é um acontecimento isolado, mas é parte de uma caminha da história da CEBs, e tem o objetivo de atualizar os rumos e animar as comunidades para a caminhada.
A vida, assegurou o bispo, é ‘ponto central’ do tema “Igreja em saída na defesa da vida plena para todos e todas”, porque desde sempre, mas do que nunca nestes tempos atuais, “é uma vida ameaçada”.
Lembrando a citação do capítulo 11 do Livro da Sabedoria, em que apresenta Deus como “amante da vida”, Dom Gabriel, explicou que a caminhada das CEBs tem por objetivo fazer com que “o abraço de Deus, chegue todos e todas, especialmente os que experimentam a rejeição, a marginalização e as vezes, a desconfiança da sociedade e até da própria Igreja. As CEBs querem ser a Igreja que escuta, que se faz samaritana, que encurta as distâncias e reconhece que somos todos filhos e filhas de Deus, todos irmãos, cada qual com suas fragilidades, seus limites e seus pecados, mas convidados a entrar no abraço de Deus”, em conformidade com o Concílio Vaticano II e as orientações do Papa Francisco.
CHAMADO – Dom Gabriel ponderou que, ainda que as CEBs não sejam capazes de corrigir todas as realidades distorcidas, não é cristão ignorar o que cada um pode fazer. “Por isso não devemos esperar que Deus faça tudo. É claro que não vamos resolver todos os problemas do mundo e nem encarnar totalmente a vida e a missão da Igreja, mas somos chamados a dar passos e fazer com que isso, aos poucos, possa acontecer”, apontou.
FORTELECER – É também em momentos como o Intereclesial, segundo o bispo da diocese de Floresta, que o Povo de Deus, atuando nas CEBs, se fortalece e atualiza as demandas de luta. Ele serve “para nos fortalecermos uns aos outros e nos escutarmos uns aos outros; para ter uma percepção que vem do Brasil inteiro, de qual é a nossa situação e a nossa missão, e responder com generosidade e com muita fé”, disse.
Dom Gabriel também recordou que o Espírito Santo continua fortalecendo e animando a vida e a missão de todos. “Por isso vamos acolher a nossa missão, cheios de alegria. Quando se vive o amor verdadeiro se tem muita alegria. A boca fala do que o coração está cheio”, ilustrou ele para falar da manifestação alegre das Comunidades Eclesiais de Base.
Assista a entrevista pelo Youtube da CEBs do Brasil: