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Reflexão da Palavra | 4º Domingo da Quaresma – Ano B

Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1

Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23 – Sl 136 – Ef 2,4-10 – Jo 3,14-21

Neste domingo – em continuidade com as leituras dos anteriores – vemos que Deus é fiel à Aliança. Israel passa por uma forte crise política e esta crise é interpretada como consequência de uma infidelidade do povo ao desígnio de Deus e de uma falta de confiança em sua proteção. Interpretavam todas as catástrofes e desgraças como castigos de Deus e não basta que os profetas os lembrem das exigências do pacto com Deus. Ainda hoje, muitas pessoas atribuem tudo de ruim que acontece à irá de Deus. Tanto as questões familiares, as sociais, como também o que acontece no nosso país ou no mundo. Percebemos que esta leitura “teológica” da história, parece deixar de lado a responsabilidade humana, mas, por outro lado, representa também uma purificação e uma indicação sempre válida, a saber: é preciso uma nova capacidade de escuta para compreender os caminhos com que o Senhor executa o seu plano. Devemos responder à fidelidade de Deus com atitudes sempre renovadas e adequadas aos nossos tempos.

Fica assim evidente a responsabilidade pela atitude que cada ser humano deve tomar diante dos acontecimentos que vive e dos quais ele é o protagonista histórico, e não Deus.

Como? Deve saber colher, em sua factualidade, a Palavra de Deus. Fazer a verdade é compreender esta palavra. Crer em Cristo é receber a luz que dá sentido ao que acontece, e isto não é mérito nosso, é dom de Deus, dom que, ao fazer-nos compreender a sua vontade, salva-nos! Assim toda a nossa vida e a história adquirem sentido, definem um plano que se realiza no tempo. Portanto, os acontecimentos históricos estão permeados da vontade e dos planos de Deus, ainda que se apresentem, por vezes, embaralhados e confusos aos nossos olhos, com sinais em nada parecidos com os planos de Deus, mas é aqui – e não no céu – que eles se realizam. Se muitas coisas dão errado, isto se deve ao respeito que o nosso Deus Criador tem pelas nossas decisões, opções, pela nossa liberdade, muitas vezes não tão livre ainda… às vezes catastróficas, pois prisioneira do mal e do pecado. Mas o nosso Deus não desiste! É um Deus muito teimoso, ousado, confiante e muito persistente, pois Ele é fiel ao que nos prometeu; Ele acredita naquilo que criou, acredita em nós!

Deus está sempre à procura de seus filhos e filhas. E como Pai e Mãe amorosos, nos persegue. Jó já dizia no seu tormento: “Tu me caças como a um leão” – e no Paraíso Deus chama ao primeiro homem: “Adão, onde estás?” – quando este se escondia entre as árvores… Deus permanece fiel ao ser humano, busca-o em todas as suas fugas, porque o ama como só um Deus pode amar, com a força e a ternura de um Pai/Mãe que é movido por um amor infinito.

Mas, infelizmente, ontem e hoje o grande problema humano consiste em fugir desse Deus que o busca. Somos nós que d’Ele fugimos. Somos nós que nos escondemos atrás das numerosas “árvores” que nós criamos no nosso “Paraíso” para não sermos encontrados por Ele: o tempo, o trabalho, o dinheiro, o prazer, a Síndrome de Caim que é a indiferença – CF 2024 – o lucro, o egoísmo, o “possuir” desenfreado, o poder que não é para servir, mas para benefício próprio, o status que este mesmo poder oferece, a religião, a família, e tudo que nos afasta e impede que respondamos ao chamado do Senhor. Um Deus que quer a nossa colaboração, a nossa adesão para que o seu projeto seja instaurado aqui e agora. Um Projeto de Felicidade para nós e executado por nós pela graça do nosso Deus, na pessoa do seu Filho.

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