O grande dia, 22 de julho, marcou o encerramento do 15º Intereclesial das CEBs e anúncio do Regional que acolherá o próximo Intereclesial.
Por Pedro Paulo Santos – Comunica15
O dia começou com a oração do Ofício Divino das Comunidades, com todos os participantes reunidos no Centro de Eventos (Casa Comum), conduzido pelos representantes da grande região Nordestão. Foi um momento forte de espiritualidade litúrgica que celebrou a Festa de Santa Maria Madalena, discípula amada de Jesus, apóstola dos apóstolos, a primeira testemunha e mensageira do Ressuscitado. A Igreja em saída é Madalena que vai ao túmulo, que vai às periferias do mundo. Após a proclamação do Evangelho e breve reflexão, toda a assembleia foi ungida por um grupo de mulheres, com óleo perfumado. Uma forte expressão de um sacramental, revivendo Maria Madalena, para que todos e todas levem sempre, o testemunho de que Jesus está vivo.
Hora de reunir os compromissos.
Na sequência, os RELATORES apresentaram os compromissos para continuidade da caminhada de articulação das CEBs do Brasil. Tais compromisso decorreram dos momentos das reflexões feitas nos “biomas” e “casa comum” (sete locais), no dia anterior, pautadas a partir das seguintes questões: 1) Qual o AGIR das CEBs na busca da vida plena para todos e todas? 2) Elencar três COMPROMISSOS a serem assumidos pelas CEBs em vista de uma Igreja autenticamente sinodal e uma sociedade mais justa e fraterna, para os próximos 4 anos. 3) Como vamos retomar e/ou fortalecer as comunidades e a inclusão e participação da juventude na caminhada das CEBs?
Em seguida, os assessores Pe. Francisco de Aquino Júnior e Celso Carias orientaram para a prática dos compromissos. Segundo o Pe. Aquino, diante das forças de agressão no campo e na cidade, sofridas pelo povo, o Papa Francisco tem apontado duas situações: 1- ser uma Igreja Sinodal, de comunhão, participação e missão. Que nossas comunidades possam ser mesmo espaço de comunhão, participação e missão; 2- ser Igreja em saída; mas saída para onde? Para as periferias da humanidade. Celso Carias, acrescentou que é necessário ter estratégia para colocar em prática os compromissos que levamos do 15º Intereclesial. Para tanto, é necessário unir forças com outros e outras, que acreditam nesse jeito de ser Igreja. Se o pároco ou bispo não aceita, sem problemas; continue nessa missão, até porque ninguém está proibido de se reunir para colocar em prática esses compromissos.
No momento seguinte, foram aprovados pela assembleia dos representantes regionais, cartas e moções de apoio, com destaque para: Moção de Apoio aos Direitos Constitucionais dos Povos Indígenas e Contra o Marco Temporal, dirigida ao Supremo Tribunal Federal; Carta ao Papa Francisco de agradecimento ao seu apoio às Comunidades Eclesiais de Base e expressar nossa comunhão com seu pontificado, seu jeito de conduzir a Igreja; Carta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, para que retorne a terminologia “Comunidades Eclesiais de Base”, nas próximas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, cuja carta expõem fundamentos desde o Documento de Medellín, de que as CEBs é a Igreja e não simplesmente um movimento. Essas cartas, após corrigidas, serão colocadas na íntegra, no site CEBs do Brasil.
Momento culminante do 15º Intereclesial das CEBs.
A Celebração Eucarística de encerramento do encontro foi o ápice do 15º Intereclesial das CEBs, presidida pelo bispo anfitrião, Dom Maurício da Silva Jardim. Um momento litúrgico com toda assembleia celebrante, aberto para a participação do público; 42 bispos; mais de 100 presbíteros e diáconos; religiosos e religiosas; membros de outras denominações cristãs e religiosas; membros de povos originários; enfim, todo o povo Deus. Uma celebração marcada por emoções e alegria de todos, em especial dos participantes 15º Intereclesial.
Em sua homilia, Dom Maurício ressaltou quatro palavras: Comunidade, Missão, Reino de Deus e Transbordamento. Ao assumir a diocese, quis entender qual foi a intencionalidade de Dom Juventino e lideranças para aceitarem receber o 15º Intereclesial das CEBs. Então, descobriu num relatório da Ampliada Nacional das CEBs, de 2019, uma fala de Dom Juventino: “Vamos aproveitar a organização do 15º Intereclesial das CEBs para nos aproximar e escutar as alegrias e os clamores das pessoas que pertencem às comunidades eclesiais de base”. Então, ele quis dizer: o sujeito principal é a comunidade. A nossa vivência de fé cristã é comunitária. Não podemos ceder à tentação de ficar olhando mais para o espelho e menos para a janela.
A missionariedade é o remédio para superar as tentações da comunidade. Somos Igreja em saída para as periferias que mais precisam da luz do Evangelho. A Igreja é ´povo de Deus. E o 15º Intereclesial das CEBs nos interpela a não desistir da comunidade.
O Reino está no meio de nós, que já experimentamos no cotidiano, em cada gesto de fraternidade, solidariedade, de defesa e promoção da vida, partilha, doação, da profecia e casa comum. E ressaltou o gesto acolhedor das famílias que receberam em suas casas, os participantes do encontro, vindo de todos os cantos do Brasil. Nesse momento, todo o povo aplaudiu calorosamente. Mencionou que o 15º Intereclesial estava em plena comunhão com o Papa Francisco; era como se ele estivesse andando na casa comum e biomas, lugares das reflexões sobre os temas que são caros ao Papa. E, portanto, não é preciso temer nada, como as falsas narrativas semeadas contra o Intereclesial, porque o Reino está no meio de nós.
Não podemos sair daqui pensando em remendar as coisas, inclusive na solução de conflitos. Deus resolveu o conflito do pecado com transbordamento do amor total na Cruz. Ao voltar para nossas comunidades, somos chamados a dar respostas totalizantes, transbordantes.
O Regional Leste 3 será sede do 16º Intereclesial das CEBs.
Ao final da celebração, a coordenadora Marilza Schuina, anunciou a sede do próximo Intereclesial, em 2027. O anúncio ressoou como uma explosão de alegria, fazendo com que a representação das CEBs do Leste 3 subisse festivamente, no presbitério para receber o ícone do 15º Intereclesial; um gesto simbólico de encerramento do Intereclesial de Rondonópolis. A escolha da nova sede se deu de maneira democrática, no dia anterior, através dos representantes das CEBs de todos os Regionais da CNBB. “A emoção foi muito grande, pois somos o menor Regional do Brasil. Para nós da delegação, a alegria foi imensa; é nossa oportunidade de mostrar para todo o Brasil o nosso jeito capixaba de ser Igreja; que todos conheçam o nosso povo acolhedor, alegre e acima de tudo, lutador”, disse a representante do Leste 3, de Cachoeiro do Itapemirim-ES, Sirley Camiletti Cardozo.
Parabéns, diocese de Rondonópolis-Guiratinga, pela organização do 15º Intereclesial das CEBs. Parabéns a todas equipes de serviço. Todos os serviços foram importantes para a beleza da realização deste grande momento da manifestação de Deus (kairós), na Igreja particular de Rondonópolis-Guiratinga, cujos raios da luz do Santo Espírito chegaram em todas as CEBs do Brasil. Que a Mãe preta de Aparecida, possa ser a eterna companheira na caminhada das Comunidades Eclesiais de Base.
