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Reflexão da Palavra |3º Domingo da Páscoa – Ano C

Por: Quininha Fernandes Pinto
Leituras: At 5,27b-32.40b-41 – Sl 29 – Ap 5,11-14 – Jo 21,1-19


Aparecem na liturgia deste domingo, duas referências: o Cordeiro glorioso e Pedro, pastor e porta-voz do rebanho. O Cordeiro deve ser visto como o que guia o rebanho, solidário com ele, conduz à vitória. Jesus é chamado de Cordeiro por ser considerado vítima expiatória e vítima pascal. Como vítima expiatória, Jesus vence os poderes do pecado. Assim, Jesus, o Cordeiro, é um vencedor não pelas armas, mas pela solidariedade com o rebanho, assumindo a morte por ele. O rebanho é o tema central do Evangelho de hoje. A aparição Pascal de Jesus na Galiléia pode encenar a “retomada” depois da dispersão com a sua morte. A pesca narrada nesta perícope deveria servir para uma refeição de Jesus com os seus, mas, nesta narrativa, Ele mesmo já prepara a comida… e convida os discípulos: “Vinde comer”. Percebe-se claramente que é uma refeição tomada num espírito eucarístico, onde os discípulos podem também acrescentar à refeição de Jesus os frutos que sua pesca. Rico simbolismo!
Na segunda parte deste longo Evangelho, encontramos a profissão de fé de Pedro. Em paralelo às três negações do discípulo, antes de sua morte, temos três afirmações da sua amizade e do seu amor pelo Mestre. “Pedro, tu me amas mais que estes?”. Jesus quer ser amado e amado de uma maneira única! O rebanho só pode ser confiado a quem ama Jesus, e ama muito!
Muitas pessoa dizem acreditar em Jesus, mas não querem comprometer-se com a comunidade, com o rebanho, com a sociedade – com as diversas identificações/nomes que damos aqueles que estão para além do universo da minha casa/família. Alguns até entram/vão à igreja, ou templo, participam de alguns grupos de serviço, ou entidades mas sem comprometer-se. Pela liturgia de hoje, Jesus ressuscitado está misteriosamente presente na comunidade, no meio do “rebanho”… um rebanho diferenciado, diverso, nada homogêneo como querem alguns líderes religiosos ou pastores mais ortodoxos! Talvez aqui, precisemos ouvir e responder à pergunta feita três vezes a Pedro, e hoje direcionada a cada um/uma de nós: “Quininha, tu me amas?”.
A cada resposta, certamente positiva, Ele continua a nos dizer: “Apacenta as minhas ovelhas.”. Ainda que no âmbito eclesiástico a palavra “pastor” tenha a conotação que conhecemos, de padre, bispo… os seguidores de Jesus, todos os batizados, temos a imperativa responsabilidade de “apascentar” o rebanho, irmãos nossos, tão frequentemente perdidos e abandonados por aqueles que deveriam cuidar deles… “Apascentar” toma, neste contexto, o sentido de proteger, cuidar, guardar, apoiar, defender, amar. Por isso a necessidade de sermos coerentes com as respostas dadas às perguntas de Jesus… se realmente o amamos, os sinais serão percebidos no cuidado comum tido com o rebanho. Neste dia em que celebramos o Dia Mundial do Trabalho pensemos nos enormes desafios atuais: desemprego, condições inumanas de trabalho, de salário, de habitação, de saúde; o trabalhador não pode ser visto como um ativista rebelde quando luta por seus direitos tantas vezes prejudicados, até roubados… alguns colocam-se como cuidadores do rebanho na defesa dos direitos dos mais fracos… O mundo é a realidade em que sinalizamos a veracidade do amor confessado e dedicado a Jesus. A atenção a estas realidades é o “lançar as redes”… Aí sim, podemos nos achegar, participar e saborear os “peixes”, a ceia escatológica preparada para a nossa chegada! Que seja assim. Que assim seja. Bjs no coração.

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