Shadow

Reflexão da Palavra | 18º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Leituras: Eclo 1,2;2,21-33 – Sl 89 – Cl 3,1-5.9-11 – Lc 12,13-21
Por: Quininha Fernandes Pinto, regional Leste 1


As leituras deste domingo alertam para a falsa segurança que o dinheiro proporciona, uma vez que a necessidade humana fundamental é ela. Procuramos, apaixonada e necessariamente, um fundamento estável onde apoiar a nossa existência. É um movimento tão antigo quanto a humanidade, como pedra fundamental da própria vida, as coisas, o dinheiro. O dinheiro é tudo, dizem. O dinhe é poder. O dinheiro é o poder. Sem dinheiro nada se pode fazer. O dinheiro dá ao ser humano a segurança, a possibilidade de fazer tudo… desencadeia-se então o mecanismo da acumulação; o dinheiro nunca é demais, torna-se idolatria. Quando o dinheiro torna-se o próprio deus, queremos tê-lo a qualquer custo. Por isso hoje nos é feito um alerta muito sério: o perigo de colocarmos nossa segurança no dinheiro!
Jesus propõe uma parábola para a reflexão de seus interlocutores, conhecida como a parábola do rico insensato. Um rico proprietário de muitas terras é surpreendido por uma farta colheita, e, por não saber onde colocar tão grande safra, pôs-se a pensar consigo mesmo: “Que farei?”. No seu horizonte parece não haver mais ninguém. Não parece ter esposa, filhos, amigos nem vizinhos e muito menos empregados, camponeses que o ajudaram no plantio de suas terras. Só o preocupa o seu bem estar. E resolve então construir celeiros maiores para armazenar sua riqueza. E Jesus, o narrador da parábola, faz intervir um personagem: o próprio Deus que o chama de “louco”! Alerta-o para a chegada da morte, interrogando-o sobre o destino da sua riqueza… “E para quem ficará o que acumulaste?”.
Para muitos a segurança de suas vidas está no “ter” e no “ter muito”, e cada vez mais! A existência se reduz em desfrutar do bom e do melhor, de mordomias, de festas, de consumismo, de luxo e riqueza. Deus está ausente! Como o rico da parábola, aumentam o seus “celeiros”, suas contas bancárias, mas não sabem ampliar o horizonte de suas vidas. Aumentam suas riquezas mas não conseguem aumentar o amor, a partilha, a generosidade, a solidariedade, a implementação da justiça. Não conhecem amizades verdadeiras pois suas relações se baseiam no interesse e na desconfiança; não conhecem o amor gratuito e generoso pois julgam poder comprar tudo…
Passamos por uma terrível crise econômica, agravada pela pandemia, mas anterior a ela, pois, na verdade, é uma “crise de ambição”! Os países ricos, os poderosos sistemas financeiros, os grandes controladores do agronegócio… nos fazem viver acima das nossas necessidades e possibilidades, consumindo cada vez mais, para “sermos” reconhecidos e respeitados. Somos levados a consumir, a comprar, para alimentar a ciranda financeira e o capital! E existem muitas estratégias para que isso funcione… Investe-se muito, pois o retorno é garantido! Não superaremos nossas crises econômicas sem lutar por uma mudança profunda no nosso estilo de vida! Uma vida mais austera, mais simples, mais solidária.
Assistimos ao retorno do Brasil ao mapa da fome; os números são estarrecedores. A situação torna-se ainda mais desumana quando confrontada com a produção de alimentos que o nosso país lidera no ranque mundial… isto porque somos um dos países mais desiguais do mundo. A urgência de políticas públicas que se voltem para esta realidade é necessária para que seja resgatada a dignidade cidadã a esta parte da população.
A lógica do capitalismo é defendida pelas grandes empresas, por instituições patronais que alimentam a competição, a rivalidade e o monopólio do capital nas mãos dos poderosos e nas ideologias políticas que dominam o mundo, não só o Brasil. É um projeto oposto ao projeto de Jesus que veio para que todos tenham vida – todos!!!! – e vida em abundância. Que não nos deixemos levar pela ganância do dinheiro e pela falsa segurança que ele nos dá! Que fiquemos atentos a esses projetos que produzem “ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres!”. Que a política do “Bem viver” se sobreponha ao egoísmo do “viver bem” que exclui, depreda a natureza e o meio ambiente e consolida as desigualdades. Que o dinheiro seja um meio de vivermos a justiça social e jamais um fim a ser alcançado a qualquer preço. Pensemos nisso.
Bjs 🥰 no coração ❤️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.