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Reflexão da Palavra | Exaltação da Santa Cruz

Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1

Leituras: Fl 2,6-11 – Sl 77 – Jo 3,13-17

Hoje celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz. Para os judeus, a cruz não era apenas humilhação e tortura, mas maldição – Dt 21,22-23. É curioso saber como um instrumento de tortura, de morte cruel e maldição, pode se converter em símbolo para o seguimento a Jesus. Isto só foi possível porque a cruz se tornou o modo concreto de Jesus demonstrar com que intensidade Deus amou o mundo. Em vez da tirania e da opressão de uns sobre os outros, a vitória da Cruz é a vitória do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança, do serviço sobre o poder. A atitude de Jesus na Cruz é contrária à atitude do império romano, naquele tempo, e continua contrária aos impérios modernos de poder que massacram os mais pobres, os fracos e os oprimidos… Na cruz temos a vitória do amor. Na cruz podemos ver até onde pode ir a capacidade de amar; de colocar-se na defesa dos mais fracos… Na cruz podemos perceber a loucura do amor do nosso Deus e de seu Filho, nosso irmão, Jesus. A leitura da carta aos Filipenses – Fl 2,6-11 – nos descreve isso e o versículo anterior – v. 5 – que é omitido na leitura de hoje, é uma solicitação a fazer o mesmo que Jesus fez: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus!”. E que sentimentos são estes??? Ele era de condição divina e não apresentou isso em nenhum currículo, ao contrário, esvaziou-se, aniquilou-se de todas as possíveis regalias e prestígios que tal posição poderia lhe oferecer e tornou-se um de nós, um ser humano frágil, vulnerável, até morrer como um indigente, na pior morte que alguém poderia imaginar: a morte de Cruz! Mas seu Pai o exaltou… Hoje, quem quer aniquilar-se ou rebaixar-se por uma causa que possa favorecer os mais sofridos? Quem quer abrir mão do prestígio, da honra, da “rasgação de seda” que os altos cargos proporcionam??? Quem realmente usa do poder que exerce para que o bem comum se manifeste?? Jesus viveu a vida humana perdendo-a, esvaziando-se, renunciando totalmente a si mesmo. Foi uma vida desfigurada, humilhada, um modo de ser em relação ao outro, uma vida descentrada de si a serviço do outro, dos irmãos. Somos convidados hoje a ver e refletir sobre a complexidade da Cruz: se por um lado ela é o sinal maior do mal, do pecado e da violência, por outro, ela é a expressão máxima do amor de Deus pela humanidade; ela pode ser, para o olhar de quem tem fé, um convite a participar do grande mutirão que acredita que “um outro mundo é possível”!

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