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4º DIA DO 15º INTERECLESIAL DAS CEBs – REFLEXÕES SOBRE O AGIR

O dia começou com o acolhimento, no Centro de Eventos (Casa Comum), das representações de todos os Regionais, participantes no 15º Intereclesial das CEBs.

A oração inicial coube aos indígenas que, na sua própria linguagem, expressaram com profundidade suas orações, que ressaltou que Deus entende todas as linguagens. Uma verdadeira mística libertadora, ancestral e profética, que trouxe a denúncia do tendencioso “marco temporal”. Marco temporal é um projeto de lei que está para ser votado pelo Senado Federal, que prejudica tanto direitos dos povos indígenas quanto proteção do meio ambiente.

Em seguida, houve a explanação pelos relatores sobre o que foi conversado no dia de ontem (20), nos biomas e casa comum, à luz do “julgar – discernir – iluminar”, com foco nos temas específicos, conforme a seguir: Casa Comum: CEBs e dimensão político-social; bioma Amazônia: CEBs e poder na Igreja-sinodalidade; bioma Pantanal: CEBs e economia de Francisco e Clara; bioma Cerrado: CEBs e Educação; bioma Caatinga: CEBs e questões ecológicas; bioma Mata Atlântica: CEBs e dimensão político-social; bioma Pampa: CEBs e poder na Igreja-sinodalidade.

Registra-se, também, no período da manhã, fala de Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB, presente no encontro, que iniciou saudando a todos participantes: “Minha saudação a cada um, cada uma que participa deste momento histórico da vida da Igreja do Brasil. Nós somos Igreja. Somos Igreja porque participamos de uma fé que recebemos de nossos antepassados, e pela qual todos somos responsáveis. A fé perpassa todas as situações da vida humana: no mundo da família, da vida pessoal, no mundo da política, no mundo da economia, no mundo também eclesial, óbvio. E a fé pra nós é graça.”

Na sequência ocorreu uma RODA DE TESTEMUNHO, com depoimentos sobre a vivência; os desafios concretos e os sinais de resistência; as conquistas e esperanças para que todos e todas tenham vida plena. Participaram pelos dos povos indígenas: Anastácio – Guarani- Kaiowá; juventude: jovem Michelle; causa da mulher: Itelvina; povo negro, contra o racismo: jovem Peterson; migrantes: Adriana Pitta.

E, por fim, no período da manhã, coube ao assessor, Pe. Francisco de Aquino Júnior, a orientação sobre o AGIR, para estabelecimento de compromissos, a partir das reflexões nos biomas, no período da tarde.

Segundo Pe. Aquino, “O 15º Intereclesial das CEBs é uma expressão privilegiada de uma Igreja Sinodal, como tanto tem insistido o Papa Francisco. Povo de Deus na diversidade de seus carismas e ministérios, em comunhão ecumênica, interreligiosa e social, na luta por uma terra sem males, na busca de um novo céu e uma nova terra. É esse o sentido mais profundo da sinodalidade; caminhar juntos do povo de Deus, na missão de tornar o Reino de Deus presente no mundo. Por isso, este encontro é um verdadeiro pentecostes; é uma expressão privilegiada da Igreja de Jesus.”

Os desafios estão por aí; não se tem a receita da superação; são questões que os grupos já vêm refletindo ao longo desses dias. Para corroborar, Pe. Aquino deixa cinco desafios e cuidados:

1. “Não desanimar na caminhada”. Não podemos cair na tentação do desânimo, mesmo diante de uma Igreja autorreferenciada, clericalista, autocentrada, na contramão do Vaticano II, porque mofa e apodrece. Somos a Igreja de Jesus, seguidores de Jesus. Nossa vocação é de ser “sal” e “luz” no mundo; propagadores do Evangelho, com alegria. “Não deixemos que nos roubem a alegria.”

2. “Não desistir da comunidade”. A nossa fé é comunitária; nos reúne em comunidade. O clericalismo e a pastoral de manutenção impedem que a comunidade seja sinodal; o “eu” prevalece sobre o “nós”. A comunidade se reúne em torno da Palavra; lugar da fraternidade, comunhão, dos ministérios, da sinodalidade. “Não deixemos que nos roubem as comunidades.”

3. “Não banalizar a missão”. A missão da Igreja é a mesma de Jesus. Tornar o Reino de Deus presente no mundo. É um modo de viver na lógica do Evangelho. É a Igreja em saída para as periferias; nos empurra sempre para as “galileias”, os calvários da humanidade. Como diz a música, é missão de todos nós.

4. “Não deixar cair a profecia”. É a Palavra de Deus encarnada na realidade, nos calvários da humanidade. Profecia também é consolo, animar a esperança; é pessoal e comunitária. Nunca perder a memória dos mártires e profetas. Em tempos de neofascismo, faz-se necessária a profecia, assumindo a causa dos pobres, sem ser movido pelo ódio. “Não deixemos cair a profecia.”

5. “Não perder a esperança.” Os desafios são tão grandes que, às vezes, nos levam à desesperança. O Espírito de Deus é quem renova a face da terra. Como cristãos, temos essa força, pra ter esperança com os pés no chão. Nós somos povo da esperança, da páscoa. “Não percamos a esperança. Viva a esperança.”

Segundo o representante Geraldo José dos Reis, do Regional Centro Oeste, o que lhe chamou mais atenção na fala do assessor foi sobre a profecia: “é como a raiz que dá identidade de luta das CEBs.”

E para Zezinho cantador, diocese de Formosa-GO, “o que chamou a atenção foi a questão do clericalismo; uma Igreja que está muito fechada para o “eu” e não uma Igreja para o “nós”; nós comunidade. O que se vê é o povo servindo o padre e o bispo, e não eles servindo a comunidade.

Por Pedro Paulo / Comunica15

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