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REFLEXÕES SOBRE A CELEBRAÇÃO DE ABERTURA DO 15º INTERECLESIAL DAS CEBS

Por Pe. Mário De Carli – Paróquia Senhora Santana – Ipirá – Diocese de Ruy Barbosa – BA

Fotos / Comunica15

A diocese de Rondonópolis-Guiratinga situada ao sul do Estado do Mato Grosso, de 17 a 22 de julho de 2023, realiza o encontro do 15º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base.

Tem como tema: “CEBs – Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todos”; e seu lema: “Vejam vou criar um novo céu e uma nova terra” (Is 65, 17). Todos os Regionais da Igreja do Brasil se fazem presentes. São mais de 1.500 representantes, 60 bispos e cerca de 70 padres, incluindo os de vida religiosa e missionária. Muitas Irmãs da vida religiosa e consagrada se fazem presentes. Foram acolhidos em 10 paróquias e nas famílias para hospedagem.

Abertura do 15º Intereclesial das CEBs

No dia 18, às 18h, ocorreu a Abertura do 15º Intereclesial das CEBs, no Centro de Eventos Santa Terezinha (CEST) onde foi construído um cenário com as características da “CASA COMUM”. Ao som do mantra: “Seja bendito quem chega, seja bendito quem chega, trazendo a paz do Senhor”; o clima de acolhida fez memória da caminhada de fé das CEBs de todos os cantos do Brasil.

Destaco alguns aspectos significativos:

Ao som do mantra “Ao Deus dos que caminham, tragam o louvor; esse nosso encontro venha nos abençoar”; foram acolhidos os povos indígenas, trazendo a sua bravura; o verde das florestas; sempre em busca da terra sem males. Os guardiões das florestas entraram e se puseram de joelhos diante da cruz. As irmandades quilombolas na busca da terra livre, cantaram sua esperança de dias melhores. Mulheres, homens, crianças e jovens que vivem da agricultura familiar; povo que trabalha por uma Economia Solidária para nos oferecer vida de qualidade e saúde. Povo das nossas comunidades, migrante, carregam o sonho de uma Igreja samaritana “entoando um canto novo de alegria…”.

Num segundo momento, houve a acolhida dos representantes dos Regionais. Foram destacados aspectos socioculturais e religiosos com suas labutas, desafios e esperanças. Cada regional concluiu com um canto específico de sua região. Este foi um momento muito belo e significativo pela leveza, singeleza, criatividade; trouxe o verde das florestas, a fecundidade das águas e dos rios, a resistência diante do sistema de morte e desconforto da sociedade brasileira. Pudemos notar claramente como o Espírito Santo, qual tecelão, ia unindo a assembleia e cosendo seus traços culturais, sociais, religiosos. Com cenários de Igreja em saída, que une e reúne na diversidade; uma riqueza que traz comoção, alegria e esperança. Momento forte de um novo sopro, um novo “kairós” na comunidade, que canta “somos gente nova vivendo a união, somos povo semente da nova nação”.

Mais uma vez as CEBs do Brasil vieram trazendo sua luta e seu jeito de viver, de expressar sua fé, de ser Igreja; ações que renovam a esperança de uma Igreja para ser testemunha de que o Espirito de Deus renova e vem criando “um novo céu e uma nova terra” (65, 17). Foi um forte sopro do Espírito Santo que une corações, mentes e sonhos revelando a beleza dos cenários das CEBs; muito ricos e resistentes no caminho traçado por Jesus Cristo. As CEBs animadas pela força da Palavra de Deus, une, reúne, cria unidade e fortalece a missão de ser “Igreja em saída”, muito bem acenado pelo Papa Francisco. Dom Maurício destacou “uma Igreja em saída nas periferias existenciais, pobre e simples, despojada de poder. Acolho a todos e todas que percorreram as estradas de nosso país, nos rios de nossa Amazônia; chegaram aqui em Rondonópolis, por causa de Jesus e seu Evangelho, reforçando a força e a importância das comunidades. Declaro aberto o 15º Intereclesial das CEBs, com o tema “CEBs – Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todas” – concluiu o prelado.

Fazer memória dos Intereclesiais

Em terceiro lugar foi apresentada a memória, a história das CEBs, desde 1975 até 2018, destacando onde se realizaram, com seus respectivos temas. Em seguida, a oração animada pelas mulheres, trouxe um rosto feminino e atual: o rosto materno de Deus com o anúncio da Palavra, que chega no meio do povo de todos os Regionais da Igreja. É Jesus Cristo quem vai falar e juntos vamos aclamar, como Isaías, por “um novo céu e uma nova terra vou criar” (Is 65,17); assim proclamamos e testemunhamos uma mensagem sempre atual.

Palavras de Dom Neri Tondello

Uma belíssima reflexão feita pelo bispo, que disse: “uma comunidade eclesial de base bem animada que faz diferença na defesa da vida, com os mais sofridos, eis um novo céu e uma nova terra. Começa no respeito aos direitos humanos e da terra que se alinha com a dignidade de todo ser humano. Não ao racismo, mas à diversidade cultural; não ao patriarcalismo, mas sim a uma sociedade pautada na civilização do amor. Isso se faz com pão em todas as mesas; da saúde que vem da natureza; com a floresta em pé; direitos indígenas preservado; proteção das mulheres e crianças vulneráveis; devolver os sonhos à juventude; promoção e integração dos refugiados. O sistema do novo céu e uma nova terra precisa vencer o sistema que fabrica pobres; sistema que concentra riqueza e capital; que vença o paradigma da produção ao máximo, para consumir tudo em lucro total. Isso está longe de ser o Evangelho da vida em abundância para todos. Na festa da partilha, Jesus é nosso Pão, presença que anuncia o milagre do amor. Se houver acesso igual aos bens da criação, justiça e paz na terra, então todos se abraçarão. A liberdade e a democracia jamais ficarão fora do novo céu e da nova terra; se faz com uma Igreja em saída, a caminho superando o banquinho cansado. Acontece um novo céu e uma nova terra com a escuta do grito da terra, o clamor das águas, o sopro das plantas, o belo das flores, o canto dos pássaros e o sofrimento dos pobres. Um novo céu e uma nova terra requer uma “casa comum” organizada e que rege uma economia solidária de Francisco e Clara, com uma Ecologia Integral de cuidar; requer conversão sinodal e conversão fraterna; requer comunhão, missão e participação entre todos os habitantes da casa comum, da Amazônia, do Pantanal e dos Pampas de Deus. Que os inimigos voltem à amizade, os adversários se deem as mãos, que a busca da paz vença os conflitos, que o perdão supere o ódio e a vingança dê lugar à reconciliação. Demos graças ao Deus da vida e do novo céu e da nova terra – estes, entre tantos outros aspectos positivos de como pode ser a vida e missão das CEBs, acenados por Dom Neri José Tondello – Bispo de Diocese de Juína, no Estado do Mato Grosso.

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