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Reflexão da Palavra | 16º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Leituras: Sb 12,13.16-19 – Sl 85 – Rm 8,26-27 – Mt 13,24-43

Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1

Neste domingo somos convidados a refletir sobre a paciência de Deus. No plano religioso, como nos demais, temos uma tendência a dividir a humanidade em duas grandes categorias: os bons de um lado, os maus de outro. E é claro, eu/você estamos do lado dos bons; os outros, aqueles, são maus… Invocamos bênçãos sobre nós mesmos, sobre nossas famílias, o nosso país… as maldições sobre os outros, os inimigos, os que são do “mal”, nós somos do “bem”! Vemos isso nos Evangelhos: Tiago e João são censurados por causa de seu desejo de cair raios sobre os samaritanos que não acolhem Jesus – cf. Lc 9, 51-55; Mt 26,51 -. A Escritura é o livro da paciência divina, que sempre adia o castigo de seu povo, que “negocia” suas faltas e seus castigos. E o perdão sempre vence… Jesus inaugura o Reino de Deus e não exclui ninguém, não separa os bons dos maus, fazendo questão de dizer que veio para os pecadores. Em todas as suas atitudes ele encarna a paciência de seu Pai. Seu papel é revelar, no mundo, a verdadeira face do amor. Ele veio mostrar e dizer que o Antigo Testamento não havia entendido bem a imagem que Deus havia revelado aos nossos pais e aos profetas: Deus não se vinga, não castiga, não age movido pela cólera, nem manda pragas sobre os nossos inimigos! Deus tem paciência diante das nossas demoras… E isso fica claro hoje nas parábolas que compõem o evangelho deste 16º domingo do tempo comum. O joio está sempre misturado com o trigo e na terra, a linha de demarcação entre um e outro não passa pelas páginas dos registros paroquiais, pelas regras do códigos morais ou canônicos, pela intransigência de alguns representantes eclesiásticos ou pelas fronteiras dos países. Ela está no coração e na consciência de cada um.

Diferentemente do que muitos pensam, o joio e trigo – o mal e o bem – estão em cada um de nós e a dose, a quantidade, nós é que sabemos! Mas insistimos em apontar os maus, aqueles que não se encaixam nos parâmetros de bondade do “meu” julgamento! Mesmo na Igreja fazemos isso, quando apontamos o dedo paras as mazelas dos outros, para difíceis e irreversíveis situações conjugais ou de ordem familiar, afetiva, e esquecemos de olhar e contabilizar as nossas: fulano pode comungar, beltrano não pode; este pode ser catequista, aquela lá, não pode… E o Reino vem e se manifesta na simplicidade e na pequenez das coisas da vida… No fermento que a mulher coloca na massa do pão e o faz crescer tornando-se imperceptível; no minúsculo grão de mostarda que cresce e torna-se um árvore grande, sem fazer alarde… Arrancar o joio? Bani-lo do nosso meio? Nem pensar!!! Devemos adubar o trigo para que ele cresça fortalecido e vá diminuindo o espaço do joio, até que fique aniquilado… Mas isso em nós mesmos.. Com paciência, com muita paciência e até autocompaixão, pois não é fácil! Que estas leituras contribuam para que sejamos mais pacientes com as pessoas e com nós mesmos, que possamos ajudar na erradicação do joio/mal, mas sem a tentação de arrancá-lo pois ele volta, somos humanos e o mal faz parte desta etapa, é contingência, é limitação. E que seja uma atitude de paciência ativa, comprometida e misericordiosa, jamais aceitação passiva dos erros e do mal, pois “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza” – Rm 8,26a -.

😘no coração ❤️

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