Síntese do Seminário Nacional das CEBs
Nos dias 25 e 26 de janeiro, com a assessoria de João Maria, Godoy, Tea e Celso Carias, a Ampliada das CEBs do Brasil participou do seminário que antecede o 15° Intereclesial que acontecerá em julho deste ano. No seminário foram abordados os seguintes pontos:
1. A análise de conjuntura política e social destacou que, enquanto nos Estados Unidos o exército defendeu a democracia, a tentativa de golpe em 8 de janeiro no Brasil tinha do seu lado o exército brasileiro. Porém, a diplomacia do presidente Lula, diferente de Pedro Castillo, no Peru, faz o Brasil voltar ao panorama Latino-americano e internacional. Nesta conjuntura, a concentração de renda aumentou e estão nas mãos de uma pequena parcela da sociedade, e, consequentemente, cresceu o número dos empobrecidos, durante a pandemia. Desafios a enfrentar: combater o autoritarismo neofacista do governo anterior; o governo colocar o exército em seu devido lugar; apoiar o governo atual com senso crítico; retomar o trabalho de base; manter na agenda das CEBs a discussão sobre desigualdade social e produção agroecológica.
2. Na análise de conjuntura Eclesial destacou-se oito pontos para a discussão:
a) A Igreja se faz presente no momento em que a polarização também está em evidência;
b) União entre neopentecostalismo e tradicionalismo;
c) Aprender a conviver com a diversidade existente na Igreja católica sem desconsiderar a unidade;
d) Superar o clericalismo com a desacerdotalizaçao da Igreja;
e) Há um cisma silencioso, sem ruptura brutal, na Igreja por parte de pessoas que inteligentemente se afastam sem fazer ruídos;
f) A oposição a Francisco na Igreja é a mesma ao Vaticano II;
g) Tendência pós-teísmo por força da ausência do Deus histórico na Igreja, pendendo mais para o devocionismo;
h) Agenda autônoma das CEBs sem perder o rumo da luta: moral libertadora, Teologia da Libertação, opção pelos pobres, ecumenismo, defesa dos povos originários, ecologia, mulheres, juventudes, etc.
3. O que fundamenta a caminhada das CEBs para uma Igreja em saída é a missão composta pela iniciativa de sair, se deslocar para outro lugar. Pois, o verbo “sair” que, tecido por muitas mãos, costura o texto bíblico: Deus que escuta o clamor do seu povo e desceu para libertar; Abraão que sai de sua terra; Débora que deixa os seus privilégios; o profeta Elias que sai do palácio do rei e vai aprender a viver da partilha; Ester que sai da condição de rainha e defende o povo; Judite que deixa a zona de conforto de sua viuvez; Jesus que sai de Nazaré e se desloca para Cafarnaum; Paulo que cai do cavalo e muda de rumo.
Jesus torna-se um marco histórico por duas coisas: desacerdotalizou as estruturas religiosas e radicalizou o modo de se relacionar com as mulheres. E Paulo cria novas pequenas comunidades entre os pagãos. Há uma mudança de linguagem, mudança de mentalidade, decolonização do pensamento judaico e greco-romano na inculturação do projeto pedagógico de Jesus sobre o Reino de Deus.
4. Por uma Igreja sinodal. O sonho da sinodalidade se resume em sete itens:
a) uma Igreja sinodal deve ser pobre com os pobres;
b) uma Igreja sinodal deve ser toda ela ministerial;
c) uma Igreja sinodal deve mudar a forma de decidir;
d) a sinodalidade deve tornar-se um método na Igreja e na sociedade;
e) uma Igreja sinodal trata sim da questão política;
f) uma Igreja sinodal é uma Igreja poliedro – com várias faces;
g) uma Igreja sinodal deve ser uma Igreja de irmãos e irmãs.
Perspectivas das CEBs:
• As CEBs precisam ter o seu projeto.
• Integrar a juventude e inseri-la mais nas representações.
• Sonhar com uma Igreja mais humana e sinodal – caminhar junto.
• Apostar em pequenos grupos de apóstolos.
• Repensar o papel da Ampliada Nacional e sua relação com o secretariado.
• Sub-regionalizar os encontros.
• Comunicação popular e libertadora nas bases.
• Usar mais a tecnologia a seu favor.
• Ter uma atitude de escuta.
• Intensificar mais os trabalhos dos GTs.
• Discernir com mais intensidade a sustentabilidade das CEBs.
Conclusão:
Devemos ser pessoas liminares e nos colocarmos na margem da sociedade, como fez Jesus que nas margens do mar em Cafarnaum, chamou alguns discípulos para formar a comunidade dos apóstolos.
Colaboração: Vileci B. Vidal