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Reflexão da Palavra | 1o Domingo da Quaresma – Ano A

Leituras: Gn 2,7-9 – Sl 50 – Rm 5,12-19 – Mt 4,1-11

Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1

Estamos iniciando a Quaresma, tempo de conversão em visita da celebração do Mistério Pascal, a festa mais importante da nossa fé. A quaresma nos convida, como indivíduos e como comunidades, a crer no evangelho, isto é, a libertar-nos de todos ídolos e crendices,nfiar plenamente em Jesus Cristo. Após o seu batismo, Jesus é levado para o deserto para preparar a sua missão e ali ele é tentado. Ser batizado, assumir o compromisso de fazer a vontade do Pai, de perceber que somos responsáveis pela construção do Reino – que está próximo! – implica vencer as tentações que nos são impostas. Na atual situação e contexto em que vivemos, muitas tentações nos rondam:

– a tentação do individualismo – cuidemos cada um da própria vida!

– a tentação da indiferença – não ver, não ouvir, não interferir, não sofrer com o que passa ao redor!

– a tentação do lucro/esperteza – se posso me beneficiar com o momento de caos, levar alguma vantagem, superfaturar produtos, furar a fila, ludibriar, espalhar fakes news, porque não?

– a tentação de separar a religião e a fé dos acontecimentos histórico-políticos – sou a favor da vida, mas concordo com a liberação do aborto, com o uso de armas, com a impunidade, com políticas capitalistas que geram e mantém a pobreza, com o armamento massivo do país!

– a tentação de usar a religião e o fundamentalismo bíblico para justiçar as ideologias que discriminam, que matam, que oprimem!

– a tentação de manipular as leis e o poder para tirar dos que têm pouco e dar aos que muito têm e muito acumulam servindo à políticas que usam o capital em detrimento da vida e das pessoas…

Podemos aumentar esta lista de tentações! Cada um/uma de nós sabe quais as tentações mais frequentes no seu deserto pessoal.

O convite feito por Jesus neste tempo quaresmal não deixa dúvidas e nem usas meias palavras: “Convertei-vos e crede no evangelho”! A conversão é mais que um reformismo interior. Não se trata de retocar algo em nossa vida, mas de uma mudança radical de mentalidade, de quadro de valores, de opções fundamentais. O ser humano deve crer em alguma coisa e em alguém; não vive sem uma fé! Que nesta quaresma pensemos nisto: em que/quem acredito? Que valores eu sigo para nortear a minha vida no convívio com os outros irmãos? Os “outros” são realmente “meus irmãos”? Eu os trato realmente como “meus irmãos”? Em momentos tão conturbados como os que estamos vivendo, como tenho me posicionado? Que imagem de Deus eu tenho e projeto para o mundo: o Deus Pai de Jesus que é amor, que quer vida para todos e uma vida digna, em abundância, sem fome? Ou o meu deus, um deus vingativo que castiga e pune seus filhos, segundo os “meus” julgamentos moralistas e hipócritas. Cuidemos para não criar uma imagem de Deus à “nossa” imagem… projetando em deus os meus defeitos, os meus contra-valores, os meus “mitos”, que permitem a desigualdade social, a fome e a morte de seus filhos… Se não soubermos responder satisfatoriamente a estas perguntas, corremos o risco de irmos para o deserto e sermos vencidos pelo poder do mal. Uma santa quaresma para todos nós.

Bjs no coração.

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