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Reflexão da Palavra | 2º Domingo da Quaresma – Ano A

Leituras: Gn 12,1-4a – Sl 32 – 2Tm 1,8b-10 – Mt 17,1-9

Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1

A liturgia deste domingo nos oferece como reflexão a passagem da Transfiguração de Jesus, narrada por Mateus. Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu à montanha. Ali foi transfigurado: seu rosto brilhou como o sol e suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Apareceram então, Moisés e Elias conversando com Jesus. Pedro gostou tanto do que via, que sugeriu armar três tendas para que se acomodassem e ali permanecessem… mas enquanto ainda falava, uma voz saída da nuvem dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o!”. Os discípulos assustaram-se, mas, logo após, tudo voltou à normalidade, com Jesus que os tocava, e acalmando-os disse: “Levantai-vos, e não tenhais medo”.

Repleta de simbolismos teológicos, esta cena está situada no evangelho de Mateus após o primeiro anúncio da paixão de Jesus. O batismo e as tentações dão início à fase ascendente da sua missão; fase de êxitos e esperanças. Na Transfiguração, Jesus que já previa o que o esperava – e não era nada bom! – temos registrada o início da fase descendente da sua jornada missionária: sofrimento, conflito, perseguição e fracasso. A Transfiguração, portanto , é um anúncio, uma prefiguração da sua glorificação, da sua vitória sobre a morte. Mas, o Jesus da montanha, transfigurado, com o rosto brilhante e as alvíssimas roupas, é o mesmo Jesus crucificado, com o rosto ensanguentado, nu, pregado numa cruz.

Permanecer na montanha, armando nossas tendas junto a esse Jesus ressuscitado, glorioso, eliminando a sua cruz, foi a tentação de Pedro e é também a nossa. Armamos nossa “tenda” na igreja, diante do sacrário, nas longas vigílias de oração e solenes liturgias, mas não queremos “descer à planície” onde o horror da violência, da fome, da discriminação mortífera assolam os nossos irmãos e irmãs.

Para entendermos bem esta complexa passagem do Evangelho, precisamos ter uma visão panorâmica do Batismo, Tentações e a Transfiguração:

# no Batismo Jesus é proclamado pela “voz” – Filho de Deus – é uma declaração de amor do Pai = “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.

# na Transfiguração a voz declara novamente o seu amor e usa um imperativo, uma ordem: “Este é o meu Filho amado… Escutai-o!”.

# o homem-Jesus é tentado no deserto como qualquer mortal…

# na montanha os discípulos são levados a perceber o Jesus do céu, exaltado, glorificado, o Senhor!

# uma descoberta difícil pois o ressuscitado é o crucificado! É aquele mesmo que comeu poeira das estradas junto aos pobres, os sofredores, os párias da sociedade, com seus discípulos.

Penso que maiores explicações são desnecessárias. Somos convidados/as hoje a desarmar as tendas do comodismo, da indiferença, do medo, da irresponsabilidade diante de tantas situações que nos convocam a agir. É o risco da fé que levou Abraão a deixar tudo e ir em busca da Terra Prometida – cf. a 1ª leitura – e convida-nos hoje, também, a descer à planície, lugar da luta, do conflito. Os seguidores/as de Jesus, encontrarão o Senhor no rosto “desfigurado” dos que têm fome, dos encarcerados, dos pobres. Não na sua majestade e sim, unicamente, com aquele que acaba de anunciar a sua paixão. É possível, hoje, fazermos a experiência da Transfiguração se conseguirmos “ver” Jesus nos rostos dos transfigurados da nossa sociedade, do nosso mundo.

Amém.

Bjs 😘no coração ❤️

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