Shadow

4o Domingo do Tempo Comum – Ano A

Leituras: Sf 2,3;3,12-13 – Sl 145 – 1Cor 1,26-21 – Mt 5,1-12a

Por: Quininha Fernandes Pinto, Leste 1

Neste domingo as leituras são lindas, mas inquietantes, desafiadoras! O evangelho das bem-aventuranças que domina a teologia da Palavra, é a primeira parte do Sermão da Montanha. Quando Jesus sobe “ao monte”, ele nos é apresentado como o novo Moisés, promulgador da Nova Lei, uma Lei que está acima da lei antiga: a lei de Moisés vos disse… “eu porém vos digo”…
Ao proclamar bem-aventurados os pobres e os humildes Jesus fala a linguagem que Deus já havia usado com seu povo, através dos profetas. A mesma linguagem é empregada por Paulo na 2ª leitura – cf. 1Cor 1,26-31 – os primeiros a serem chamados são sempre os pequenos, os pobres, os que o mundo despreza, mas que são grandes no Reino dos Céus.
O Sermão da Montanha – cf. Mt 5,1-12a – é verdadeiramente uma inversão dos valores tradicionais, dos valores do mundo! Contrapondo-se à tradição antiga que acreditava que a prosperidade material era sinal de benção e a pobreza e a esterilidade sinal de maldição, Jesus denuncia a ambiguidade de uma representação terrena das bem-aventuranças. Agora, com Jesus, os bem-aventurados não são mais os ricos deste mundo, os saciados, os favorecidos, os poderosos, mas os que têm fome, sede, os que choram, que são pobres e perseguidos, discriminados. É a nova lógica que Maria canta no seu Magnificat: “Depôs dos tronos os poderosos e exaltou os humildes”.
E a pergunta que não quer calar: em um mundo como o nosso, terá ainda sentido o Sermão da Montanha? Que motivação teria este texto numa sociedade de consumo, que mede a felicidade e a bem-aventurança segundo as posses, o lucro, o dinheiro, o sucesso e o poder?
A pobreza proclamada por Jesus, não é de cunho moral, mas tem uma perspectiva humana. Também os pobres são chamados à conversão. A denúncia evangélica é de cunho ético pois a pobreza de nossos irmãos – sim, são nossos irmãos!!! – fere o amor de Deus que também é Pai “deles” e não só “nosso” como rezamos na oração que é a declaração universal e teológica da nossa fraternidade e tantas vezes rezada hipocritamente. Na verdade eles devem ser chamados de “empobrecidos”, pois esta situação foi criada, tecida, produzida por um sistema perverso que tira e concentra o que é de todos, para privilegiar uma minoria que se beneficia com esta “pobreza”… é uma outra forma de ver a realidade satânica que não faz parte dos planos de Deus, pois produz a desigualdade, a fome, a morte… É necessário este olhar ético e não apenas o sociológico…Pensemos nisso: “Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado… para mostrar a inutilidade do que é considerado importante”! Amém. Bjs 😘 no coração ❤️

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