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Reflexão da Palavra | 14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Por: Quininha Fernandes Pinto, Regional Cebs Leste 1

Leituras: Zc 9,9-10 – Sl 114 – Rm 8,9.11-13 – Mt 11,25-30

As leituras deste domingo são um conjunto de paradoxos. A primeira leitura nos fala de um rei messiânico, cujo “domínio se estenderá de mar a mar”. Um rei que se manifestará manso e indefeso, montado em um jumentinho e não num fogoso cavalo como os do faraó… É um rei de paz, que destrói os símbolos e instrumentos de guerra. É o paradoxo de um rei humilde, embora seja o dono do mundo!

O evangelho também nos oferece afirmações paradoxais. Parece estarmos ouvindo o Sermão da Montanha, em que os pobres, os humildes e os perseguidos são chamados bem-aventurados, porque deles é o Reino dos Céus. No evangelho de hoje são ainda os humildes, os não-letrados e os oprimidos, aqueles a quem Deus revela os segredos do seu reino. Na realidade, nós sabemos, Deus se revela a todos, mas os sábios, muitas vezes tornam ineficaz e vã a revelação de Deus. Os inteligentes são, neste contexto, os mestres religiosos do seu tempo: os escribas, os fariseus, os mestres da Lei… seriam hoje os letrados, os acadêmicos, os líderes religiosos, os teólogos… enfim, aqueles que detém uma reconhecida sabedoria racional e intelectual.

Jesus, ao contrário, chama a si os que estão fatigados, cansados e oprimidos, e o jugo/autoridade que lhes impõe é suave e leve. Não é leve por ser Ele menos exigente, como se sua moralidade ou sua justiça fosse permissiva e parcial, mas porque Ele, Jesus, ao colocar-se do lado dos pobres e sofredores, com sua solidariedade e participação concretas, torna o fardo leve!!!! Ele é o primeiro dos pobres, dos simples, e dos mansos. Carrega, na frente, a cruz sobre seus ombros; é a Sua proximidade que torna suportável e leve a cruz de quem o segue. A lei do Reino de Deus é a lei do menor, do mais pequenino, do mais pobre: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”. Deus escolhe os humildes e os simples para confundir os ricos e os soberbos, para nos mostrar que a riqueza, a sabedoria, a grandeza – segundo a avaliação do mundo – podem construir verdadeiros obstáculos ao Reino de Deus, no sentido de que corremos o perigo de colocar nossa segurança e confiança nas nossas próprias forças, na nossa inteligência, no nosso dinheiro, nos nossos bens, na nossa capacidade de ter coisas e poder sobre elas. Os pobres que não possuem nada disto, conseguem abandonar-se mais facilmente nas mão de Deus e por isso o acolhem com mais facilidade, amor e gratuidade! Nada têm por eles e deles, só a garantia do amor de Deus! Só Ele.

Vivemos em um mundo no qual tudo o que é importante é pensado e decidido sem a opinião do povo simples. São “ignorantes”, sem instrução, “analfabetos” e por isso outros – os mais espertos que mandam e podem – pensam por eles… Entidades de classe, agremiações, sindicatos, a própria Igreja tem, muitas vezes, esta prática. Os pobres não participam do consumismo que move as nossas estruturas sociopolíticas e econômicas, são “massa sobrante”, descartável, dispensável. Não contam! Não são convidados para eventos, comemorações e celebrações sociais… só os que fazem parte da elite poderosa e pensante!

Mas nada acontecerá de positivo e libertador na nossa sociedade sem uma efetiva participação dos pobres… Nem mesmo a Igreja conseguirá ter um rosto verdadeiramente cristológico sem a presença profética dos pequeninos, dos discriminados, dos excluídos e dos empobrecidos. Que possamos entender isso, amando-os e tomando para nós as suas lutas, as suas dores e as suas causas.

 Amém.

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