Por: Quininha Fernandes Pinto, Cebs Regional Leste 1
Leituras: At 12,1-11 – Sl 33 – 2Tm 4,6-8.17-18 – Mt 16,13-19
A celebração litúrgica destes dois grandes nomes do Cristianismo nos possibilita uma bela e profunda reflexão sobre a Igreja de Jesus. Primeiramente vale lembrar um pouquinho sobre cada um deles:
– Simão Pedro era pescador, seu irmão André o introduz entre os que seguem Jesus; mas tudo indica que havia sido preparado por João Batista para seu encontro com Jesus. O Cristo muda-lhe o nome e o chama de “pedra” para realizar em sua pessoa o tema da pedra fundamental – que funda a Igreja/seguidores. É uma das primeiras testemunhas do sepulcro vazio e merece especial aparição de Jesus Ressuscitado. Toma a direção da comunidade cristã e é o primeiro a tomar consciência da necessidade de abrir a Igreja aos pagãos, anunciando-lhes o Evangelho da Boa Nova. Sua forte sensibilidade e presença nas questões pastorais não o livram da condição humana nem das deficiências do seu forte temperamento.
– Paulo, depois de sua conversão na estrada de Damasco, percorre, em quatro ou cinco viagens, o Mediterrâneo. Passa por diversas cidades importantes, anunciando também o Evangelho do Senhor, o Cristo. Foi preso pelos judeus e posto num cárcere, quando apela para a sua condição de cidadão romano. Escreveu várias cartas – famosas cartas do cativeiro – e outras as quais temos acesso. Foi martirizado no ano 67.
O Evangelho de hoje é semelhante ao do domingo passado – Jesus queria saber o que pensavam sobre Ele – um narrado por Lucas e o de hoje por Mateus. Narrativas com teologias diferentes. Lucas enfatizava o tipo de messianismos de Jesus, um messianismo de serviço que o levaria à cruz: vimos isto no domingo passado.
Hoje, as perguntas feitas por Jesus: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que eu sou?” – têm um objetivo certeiro, o Mestre quer saber com quem pode contar, quem realmente aderiu à sua pessoa. E Simão tomando a palavra respondeu: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Jesus, percebendo a sinceridade da sua confissão de fé, entrega-lhe as “chaves”, a responsabilidade da sua Igreja. Responsabilidade = responder, cuidar de algo que lhe foi confiado. Jesus confia a Pedro o cuidado de sua Igreja, do seu povo, dos seus discípulos, seus seguidores. A Igreja não é de Pedro, mas de Jesus. Quem edifica a Igreja é Jesus. Pedro – o papa – é simplesmente a “pedra” sobre a qual se assenta “a casa” que Jesus está construindo. A imagem sugere que a tarefa de Pedro/Papa seja dar estabilidade e consciência à Igreja para que o Projeto do Reino instaurado por Jesus não se perca, não se desvie, não se contamine por ideologias que contradigam a sua original intenção: a felicidade de todos!
O Papa Francisco sabe muito bem que sua tarefa não é “fazer as vezes de Cristo”, mas sim cuidar para que os cristãos de hoje encontrem e sigam Jesus! Esta é a sua maior preocupação: ajudar a Igreja a sair de si mesma; “uma Igreja em saída”, que não é ir fazer cultos nas praças, é sair ao encontro do irmão afastado, do pobre; é sair dos presbitérios do poder, dos altares litúrgicos cheios de pomba e ir ao encontro dos simples, dos pequenos, dos sem voz que nem frequentam as nossas igrejas… e aí sim, anunciar o Evangelho de Jesus. Ele diz: “A Igreja deve levar a Jesus… se não o fizer, será uma Igreja morta!”
Muito devemos aos santos Pedro e Paulo. Tiveram grandes problemas devido às diferentes posturas e modos de pensar e evangelizar, mas souberam lidar com as diferenças e vencer os desafios, por isso a Igreja mantém-se viva e caminhante pelos séculos a fora. Que saibamos absorver os exemplos por eles deixados e adaptá-los à nossa cultura, aos desafios pós-modernos, às demandas eclesiais e políticas pelas quais passamos, sem jamais esquecer que somos servos missionários do Evangelho de Jesus. A Igreja é de Jesus: não é do Papa, nem do bispo, e muito menos do padre. Se perdermos isto de vista e nos deixarmos conduzir por um clericalismo idolátrico e subserviente, não estamos sendo fiéis à proposta de Jesus.
Bjs no coração