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A violência contra as mulheres tornou-se rotina

Por: Quininha Fernandes Pinto

Hoje, conversando com uma das minhas filhas sobre o estupro ocorrido neste domingo, ela chamou minha atenção para um dado que eu não tinha percebido: os homens – a maioria deles – não se manifestaram, ou pouco disseram nas redes sociais sobre esta barbaridade que deixou o Brasil estarrecido! Fui vasculhar os meus contatos no Instagram e aqui no Facebook e constatei que ela tinha razão. Não estou afirmando que ficaram indiferentes… nem estou dizendo que não sentiram indignação ou asco pelo crime cometido, pois todos têm ou tiveram avó/mãe/irmã/esposa/filhas/netas/sobrinhas, alguma instância deste parentesco. Também não estou insinuando a possibilidade de conivência ou representatividade com atitudes doentias como esta… estou sentindo falta de uma palavra, de algumas palavras de repúdio, de gritos, talvez, que nos defendam, de propostas que nos protejam, de um discurso de solidariedade, de adesão/defesa de uma causa que não é só nossa!

Senti falta… estou sentindo falta! A violência contra as mulheres não é uma luta das mulheres apenas. É a luta de uma sociedade que se pretende humana, equânime, fraterna, democrática, livre e pacífica. É a luta de um povo/sociedade que se respeita. Um país que diz ter Deus em seu meio, não pode ser configurado pelo ódio, pelas armas, pela violência contra vulneráveis e não-vulneráveis. Não pode!

A violência contra as mulheres tornou-se rotina, não mais causa revolta, já não é tão abissal.

Conclamo os meus amigos/conhecidos e não-amigos homens a fazerem eco neste desafio. Um desafio que não é, repito, só das mulheres, mas de todos nós! Conclamo a unirem suas vozes às nossas vozes – literalmente – para dizerem do absurdo que estão fazendo conosco, matando-nos, espancando-nos, estuprando-nos brutalmente – sei que é redundância – mas os requintes de covardia e violência aprimoram-se, e agora numa sala cirúrgica, quando uma mulher estava dando à luz… Peço-lhes, com carinho e muita humildade, que juntem-se a nós, levantando a bandeira da paz, dizendo um basta a tudo isso…

Sei que é difícil, é uma luta insana! Mas é uma luta sem armas, ou com outro tipo de armas: a conscientização, o cuidado, a educação, o respeito, o exemplo! Um não ao machismo. Os filhos de vocês devem aprender a respeitar as mulheres – todas elas! – com vocês, com o jeito carinhoso que nos tratam, com o respeito que nos reservam, com o amor que nos dedicam. Ensinem seus filhos a nos amarem! Não somos inimigas, nem rivais; não somos objetos de posse, e nossos corpos não são para uso de prazer ou refratários de desvios sexuais e insanidade de caráter. E quando isso acontecer… falem, posicionem-se e também revoltem-se, como nós, para que isso não mais aconteça. Não se calem. Nossa voz, junto ao nosso exemplo e postura, talvez sejam a nossa maior arma nessa guerra! Sejam nossos parceiros nessa luta. E coragem, muita força e coragem para todos nós. Bjs 🥰no coração ❤️

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