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Cristãos Leigos e Leigas nas Comunidades Eclesiais de Base

Comunidade eclesial de base: profunda interação entre fé e vida, Igreja e Mundo: na luta pela terra ou pela moradia;  na luta pelos direitos sociais, humanos e políticos; na ajuda a uma família necessitada; nas celebrações, nas rezas, nos círculos bíblicos…

 O Documento 105 da CNBB – Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade, destaca as Comunidades Eclesiais de Base como um dos avanços da caminhada histórica de consciência da identidade e da missão dos cristãos leigos e leigas. “As Comunidades Eclesiais de Base (…), “têm oportunizado espaços de participação e de missão evangelizadora e exercício dos mais diversificados ministérios leigos” (27).

“As Comunidades Eclesiais de Base são uma forma de vivência comunitária da fé, de inserção na sociedade, de exercício do profetismo e de compromisso com a transformação da realidade sob a luz do Evangelho. São presença da Igreja junto aos mais simples, descartados, aos excluídos. São instrumento que permitem ao povo conhecer a Palavra, celebrar a fé e contribuem para o crescimento do Reino de Deus na sociedade. (…) Elas têm contribuído de forma clara para que os leigos e leigas atuem como sujeito eclesial na vida da Igreja e para sua missão no mundo” (146).

As CEBs, propiciam, portanto, a vivência de uma Igreja missionária, uma Igreja pobre, com os pobres, para os pobres, uma Igreja do serviço, da escuta e do diálogo, contribuindo assim, para a mudança de estruturas e de mentalidades. Vivenciam uma espiritualidade encarnada caracterizada “pelo seguimento de Jesus, pela vida no Espírito, pela comunhão fraterna e pela inserção no mundo” (184). Este jeito de ser Igreja, Igreja povo de Deus (Concílio Vaticano II), propicia a que cristãos leigos e leigas exerçam o seu protagonismo e atuem efetivamente como sujeitos na Igreja e na Sociedade, numa diversidade de carismas, serviços e ministérios, por meio dos quais “o Espírito Santo capacita a todos na Igreja para o bem comum, a missão evangelizadora e a transformação social, em vista do Reino de Deus” (152).

Desde suas origens, uma comunidade eclesial de base surge numa profunda interação entre fé e vida, Igreja e Mundo: na luta pela terra ou pela moradia na cidade; na defesa de um despejo; na luta pelos direitos sociais, humanos e políticos; na ajuda a uma família necessitada; nas celebrações, nas rezas, nos círculos bíblicos, etc.

Uma comunidade eclesial de base luta pela vida, reza a vida, partilha a vida, festeja a vida. É o lugar onde o leigo e a leiga exerce o seu ser e agir cristão: na família, no conselho da comunidade, na reunião pastoral e na assembleia, nas celebrações da Palavra e da Eucaristia. É a mesma comunidade, cujo SUJEITO participa do partido político, dos conselhos de políticas públicas, dos movimentos sociais, dos sindicatos, das associações de moradores, dos grupos de cultura, das rádios comunitárias, dos conselhos de escolas, dos clubes de mães, do cuidado com a casa comum – a mãe terra, a água, o clima, toda a criação – e muitos outros espaços “a serem iluminados e transformados pela ação evangélica dos cristãos leigos e leigas numa ‘Igreja em saída’” (273).

Como se vê, as Comunidades Eclesiais de Base possibilitam aos cristãos leigos e leigas a vivência da Palavra, da comunhão eclesial, numa clara e evangélica opção preferencial pelos pobres e o engajamento permanente numa sociedade justa, fraterna e solidária, propiciando que os leigos e as leigas assumam a missão de serem “sal da terra, luz do mundo e fermento na massa”, exercendo assim o seu múnus profético, sacerdotal e real que emana do Batismo de Cristo.

Marilza José Lopes Schuina

Conselho Nacional do Laicato do Brasil – presidente.

 

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