Seria o coronavírus uma provocação mundial para mudar o jeito de pensar e agir das pessoas numa sociedade corrupta e desumana?

Aí está uma das questões apresentadas como desafio à filosofia e à teologia: tomar decisões mais favoráveis ao meio ambiente – progresso sustentável ou estilo de vida ecológica.

O progresso sustentável depende da mudança de uma economia à base de combustíveis fósseis para uma economia baseada na energia renovável e reuso/reciclagem.

Hoje, o processo de libertação na América Latina não é só sobre a pobreza em nível socioeconômico-político, mas também em nível antropológico e cultural – sobre gênero, raça e etnia. Entretanto, a libertação passou a ser entendida não só para seres humanos, mas também para toda a Criação. Ecologia, sustentabilidade e preocupação com a Casa Comum foram, então, incluídas na agenda da Teologia da Libertação. A luta pela justiça e a luta pela natureza e pela biodiversidade tornou-se uma preocupação teológica. Tudo está interligado: ser humano em comunhão com o Cosmo.

A ameaça ao planeta tornou-se um perigo para a Terra e a humanidade, o que provocou uma preocupação por reformas para estilos de vida mais simples e saudáveis, ou seja, uma necessidade de vida sustentável sem luxo e menos consumo: cai o muro do capitalismo.

Não seria a quarentena quaresmal de 2020, forçada pelo coronavírus, isolamento social, um marco para estarmos a pensar nesta mudança de paradigma?

O conceito de vida sustentável se refere a estilo de vida de um indivíduo ou sociedade que pode ser sustentado com a redução de recursos naturais normalmente ligados a meios de transportes, acomodação, fontes de energia e dietas.

Junto às medidas tomadas pelos governos para combater a COVID-19 há uma necessidade de mudanças estruturais referentes ao estilo de vida, mesmo por um período curto de tempo, para uma sociedade moderna fundada sobre a ideologia de crescimento ilimitado neste momento em que a vida é cada vez mais agitada e que está sendo substituída por desaceleração e redimensionamento com implicações econômicas, éticas e políticas.

Acreditemos, portanto, que é possível recriar uma sociedade do bem viver e bem conviver.

Deus é mais!

 

Pe. Vileci – Brasil
Em terras equatorianas
21 de março de 2020