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Dom Orlando acompanha Intereclesial: Londrina é generosa

Por Gibran Luis Lachowski

Conhecido como o bispo que disse “sim” ao 14º Intereclesial das CEBs, dom Orlando Brandes, de 71 anos, calcula as palavras para dizer o que significa associar Londrina a uma espiritualidade marcada pela opção pelos pobres. Implica apontar a estrutura que mantém a desigualdade social.

“Em Londrina temos a monocultura da soja muito forte, poucas indústrias e falta emprego. Esse cenário tem a ver com a opção econômica adotada pela cidade e pelas más administrações públicas”, diz o bispo, conectando o assunto aos desafios urbanos.

Ao mesmo tempo, dom Orlando qualifica Londrina como “cidade de um povo generoso”. Capaz, por exemplo, de garantir boas doações financeiras à igreja para que as paróquias mais prósperas ajudem comunidades com menos recursos.

Dom Orlando esteve à frente da Diocese de Londrina entre 2006 e 2016 e hoje é bispo de Aparecida (SP). Ele é um dos cerca de 60 bispos que acompanha o 14º Intereclesial das CEBs, que começou na terça, 23, e se encerra no sábado, 27.

Esse jeito de trabalhar, evitando choques, também orientou a relação de dom Orlando com as CEBs. Isso ocorreu tanto em Londrina como na Diocese de Joinville (SC), pela qual ficou responsável de 1994 a 2006. Nos dois lugares o bispo retirou do linguajar religioso o termo Comunidades Eclesiais de Base e incentivou a criação de Grupos Bíblicos de Reflexão (GBRs).

Em Joinville foi uma forma de diminuir a radicalização política das CEBs e garantir a permanência das pessoas à frente dos trabalhos da igreja. Já em Londrina foi um jeito de lidar com o modelo pastoral predominante que encontrou.

“Mas garantimos nos grupos de reflexão a atuação junto aos pobres, reuniões semanais e a leitura da bíblia a partir da doutrina social”. Segundo dom Orlando, na região de Joinville, com 1 milhão de pessoas, foram criados cerca de 10 mil grupos. Na Diocese de Londrina, com 850 mil habitantes, em torno de três mil.

Na região paranaense, o trabalho é impulsionado pelas Santas Missões Populares, que setoriza paróquias e levanta dados sobre a realidade social. “Problemas como moradia, saneamento básico, saúde e educação foi o que mais se viu. No centro, ao contrário, temos serviços de qualidade, mostrando um contraste”. Um levantamento feito em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (Uel) apontou esse cenário.

“A partir disso intensificamos a atuação junto a vários grupos sociais, como crianças, pobres e migrantes. Fizemos parcerias com a prefeitura também”, conta.

E completa, ao defender que a igreja assuma uma formação política mais efetiva junto aos católicos. “Temos de ter escolas de formação de pessoas que queiram ser candidatos, independente de que partidos estejam. É uma forma de atacar o câncer da corrupção e valorizar a ética”.

 

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