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Nota Pública da XXI Assembleia Nacional do CEBI: um chamado para a mobilização!

XXI Assembleia Nacional do CEBI: um chamado para a mobilização!

 Fiéis à vocação do CEBI, seguiremos na luta profética para que o direito brote como fonte e a justiça como um riacho que não seca (Amós 5,24).

Do dia 02 ao dia 04  de novembro foi realizada a Assembleia Nacional do CEBI, na cidade de Brasília, DF. Reunindo 50 pessoas de 26 estados do Brasil, o tema que motivou o encontro foi o texto bíblico “não nos conformemos ao esquema deste mundo, mas…” (Rm 12.1-2).

Com o intuito de transformar a realidade de opressão, violência e ódio que os movimentos sociais enfrentam no país, a assembleia se deu com o intuito de instigar o povo do CEBI a perseverar na Leitura Popular da Bíblia e na caminhada de resistência política e social.

“Que bom que você veio”

A celebração inicial foi um momento de reencontro entre os e as integrantes dos estados. O canto trazia a mensagem: “que bom que você veio”. E foi assim que o dia começou nas instalações das Pontifícias Obras Missionárias (POM). Entre os abraços de boas vindas e as intenções de fraternidade, foi iniciada a vigésima primeira Assembleia Nacional.

Para início de conversa houve as apresentações das pessoas presentes, momento no qual foram conhecidos os rostos do CEBI nas regiões. As pessoas que atuam na base. Foram elas que montaram de forma colaborativa o mapa do Brasil, apresentando as situações dos estados. Como um grande panorama das diferentes realidades brasileiras, os/as participantes tiveram a oportunidade de tomar conhecimento, através das experiências trazidas pelos/as colegas, das situações de perda de direitos e de retrocesso vividas no país.

Logo após a montagem do mapa das regiões com as perspectivas a serem superadas, vieram as realizações do CEBI nos estados que fizeram a diferença na caminhada de resistência aos golpes diários contra os direitos humanos. Várias atividades trazidas pelo grupo foram motivo de esperança, pois cada um e cada uma pode ver que a mobilização segue acontecendo nas bases e nos grupos de leitura bíblica.

Reflexão do texto motivador

Seguindo a programação, Martha BispoDiretora Nacional do CEBI, compartilhou sua experiência como leitora, trazendo a lembrança sobre o Livro dos Abraços de Eduardo Galeano onde, em um dos poemas apresentados, o autor fala sobre “o papel do leitor”:  a forma como se apropria dos textos que lê, se mistura com o modo de viver da pessoa. Aquilo que ficou marcado na leitura faz-se texto vivo e transformador. A partir dessa imagem, Martha evocou o texto motivador da Assembleia, escrito por Clay Peixoto e Tea Frigerio:

“depois de todas as leituras que fizemos nas assembleias regionais e nos grupos, esse texto não é mais só do Clay nem só da Tea, o texto é nosso, o texto é meu”.

E assim, acompanhada do Conselho Nacional, a diretora fez a leitura do texto motivador para todos/as presentes, e finalizou: “essa assembleia é um marco de revisão de nossa forma, para sermos sempre mais”.

Frei Carlos Mesters, um dos fundadores do CEBI, fala com os/as presentes sobre seu novo livro, Levitas.

Momento da Reforma

Clay Peixoto fez a lembrança da passagem dos 500 anos da Reforma Protestante, que foi comemorado dois dias antes da assembleia, no dia 30 de outubro. O Salmo 46, “Deus é forte e bom”, foi entoado com alegria. Conhecida como Castelo Forte, a canção foi escrita por Martinho Lutero.

Luiz Dietrich, de Santa Catarina, aproveitou o momento para lembrar que precisamos fortalecer os diálogos entre as denominações religiosas, pois “nas coisas ruins nós somos muito ecumênicos”, já para as questões da resistência, o povo se segmenta. Para exemplificar, ele citou a união da bancada da bíblia em projetos conservadores como o veto da cartilha sobre gênero e sexualidade nas escolas públicas, e também a votação sobre o ensino religioso na educação (que na realidade desvirtua uma leitura diversa e popular da bíblia, priorizando a versão conservadora e colonizadora da vida).

Pensar política para viver com fé

Daniel Seidel foi convidado para colaborar com as reflexões do primeiro dia do encontro. Daniel é educador popular, membro da Comissão Justiça e Paz da CNBB e Coordenador do grupo Vida e Juventude, que realiza projetos sociais com grupos de jovens da periferia.

Apresentando um cenário dos esquemas vigentes no campo sociopolítico do país, o assessor frisou: “vivemos num estado de exceção, vivemos uma ditadura”. E essa ditadura pós-democrática, segundo Daniel, é mais traiçoeira que aquela imposta durante o regime militar pois “é a ditadura dos juízes”, aquela que com aparência de legalidade impõe violência e ódio às minorias (mulheres, juventude, negros e negras, povos originários e quilombolas, moradores em situação de rua, pessoas do campo, etc…).

Rafael, representante do CEBI de Alagoas, trouxe uma fala importante para o contexto em questão:

“A leitura da bíblia (nesse momento político) tem um papel muito importante que é a retomada da luta dos povos”.

Sobre essa relação da bíblia com a realidade, Ulisses, representante da Paraíba, destacou a importância de estar presente na vida do povo: “a gente precisa estar com, a gente precisa conhecer, tocar”. Também lembrou que a proposta doBem Viver faz cair por terra a cultura do desenvolvimento, “e dá lugar ao envolvimento”, destacou Ulisses, que partilhou suas experiências transformadoras no trabalho com jovens.

A Assembleia encerrou-se no sábado dia 4 de novembro, com uma palavra, um desejo, uma esperança: MOBILIZAÇÃO!

Daniel  destacou a importância de nos conectarmos, e de fortalecermos a esperança, pois é assim que a leitura bíblica tem sentido: através da mobilização e do engajamento popular.

Sigamos!

Nota Pública da Assembleia Nacional do CEBI

 Não nos conformemos ao esquema deste mundo, mas… (Romanos 12,2)

O CEBI – Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, em sua 21ª Assembleia Nacional, realizada em Brasília, entre os dias 02 e 04 de novembro, reunindo mulheres e homens de 26 estados do Brasil, vem a público denunciar o desmonte do Estado Brasileiro com aparência de democracia e legitimado pela maioria dos juízes do STF.

As conquistas alcançadas a duras penas na defesa dos direitos sociais e políticos a partir da Constituição de 1988, vêm sendo sistematicamente desmontadas em favor de quem detém o capital e em detrimento da grande maioria do povo brasileiro. Vemos isso acontecendo com várias políticas sociais, tais como o congelamento dos investimentos em saúde e educação por vinte anos, o desmonte dos direitos trabalhistas e da Seguridade Social, o desmanche das políticas sociais, culturais, de gênero, dos povos originários, entre outros direitos. Além disso, estão sendo vendidas as riquezas do subsolo brasileiro, as terras de nosso povo e o patrimônio público, tendo em vista o Estado mínimo a serviço dos interesses do mercado.

Denunciamos também o uso fundamentalista da Bíblia e do nome de Deus para legitimar retrocessos nos direitos à diversidade de gênero e étnica. Reafirmamos nosso compromisso com o Estado laico a serviço da cidadania de todo o povo brasileiro.

Fiéis à vocação do CEBI, seguiremos na luta profética para que o direito brote como fonte e a justiça como um riacho que não seca (Amós 5,24).

Brasília, 04 de novembro de 2017.

Membros da 21ª Assembleia Nacional do CEBI.

Fonte: cebi.org.br

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