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Povos Indígenas de Manaus e Entorno recebem apoio da Cáritas

Perto da cidade, longe dos direitos

Tatulandia é mais um nome dos muitos que aparecem quando a gente olha o mapa do Rio Negro, no Amazonas. É nesse local que se situa a Aldeia Sipiá, onde moram sete famílias indígenas do povo desano e tuyuka, originarias da região do Rio Tiquié, na fronteira entre o Brasil e Colômbia. Perto da cidade, de fato a lancha que leva os turistas que possibilitam sua precária sobrevivência demora apenas uma hora desde Manaus, porém, eles perderam os direitos que tinham quando moravam na terra indígena.

O senhor Domingos Veloso Vaz é o cacique e pajé da comunidade e não tem problema em denunciar que até a Fundação Nacional do Indio (Funai), não os reconhece. Ele diz que se mudaram para o local em 2014, depois de morar por mais de 20 anos no entorno de Manaus, aonde chegou junto com sua família desde a região de Pari Cachoeira, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). “Quando chegamos, não tínhamos o que comer, mas não desistimos de fazer o nosso trabalho. Chegamos nesse ponto depois de muita luta”, afirma o cacique.

Aos poucos eles conseguiram algumas melhorias, como a instalação de um gerador que desde três messes atrás dá a possibilidade de ter energia elétrica. Mesmo assim, faltam muitas coisas para melhorar, como o transporte para a cidade, a educação e a saúde. Como reconhece, o indígena tuyuka Guilherme Tenório, “nunca chegou um médico ou uma enfermeira na comunidade”. De fato, quando ele morava no interior do município de São Gabriel da Cachoeira, reconhece que não faltava atendimento médico e, quando era necessário, quem ficava doente era trasladado para a cidade e, se for preciso, para Manaus. Agora, mesmo perto da capital do estado, quando alguém fica doente, tem que procurar a solução por si próprio. Por isso, a comunidade pede um agente de saúde indígena que more no local.

No meio das dificuldades e dos enganos de políticos, que fazem promessas que não cumprem, a comunidade reconhece o apoio que recebem desde Caritas Arquidiocesana de Manaus, a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME) e a Pastoral Indigenista, que realizam um trabalho em parceria com o apoio da Misereor. Junto com diferentes comunidades da região de Manaus, eles trabalham em vista do futuro, buscando melhorias.

Segundo Marcivania Sateré Mawé, Presidenta da COPIME, eles apoiam “as lutas pelos direitos dos povos indígenas, que é a luta pela terra, o direito de viver nestas terras, a luta por uma educação diferenciada que contemple, valorize e reconheça a importância dos conhecimentos tradicionais, da medicina tradicional, do pajé, da parteira, que valorize as culturas e línguas indígenas dentro do ensino regular das escolas”. Junto com isso, a Presidenta da COPIME insiste na questão econômica, pois são comunidades que complementam sua renda através da produção e do artesanato.

Acima de tudo, segundo Marcivania Sateré Mawé, “o não reconhecimento dessa presença indígena nega direitos às populações indígenas”. Por isso, uma das dificuldades da Aldeia Sipiá, como acontece com tantas outras, é a falta de reconhecimento do seu status legal, o que dificulta a elaboração de projetos de desenvolvimento e oficinas de artesanato, plantio e criação de animais. Junto com isso, eles pedem que seja reconhecida a medicina tradicional indígena, que os jovens tenham possibilidade de aceso ao ensino superior, que as mulheres possam ser acompanhadas na saúde ou encontrem fontes de geração de renda.

Por Luis Miguel Modino

Fonte: Caritas Brasileira

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