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A questão da Violência e Segurança – VER/JULGAR Marcia Lopes e Vilson Groh

Violência e Segurança são temas que estão na base da contradição do capitalismo e se reproduzem conforme as forças políticas e econômicas mundiais e de interesse do tal mercado, jamais se preocupando com a vida das pessoas, a não ser àquelas milhares, que ainda escravizadas, servem para reproduzir a riqueza estocada e concentrada nas mãos de pouquíssimos.

VER

Pois é, o que sempre me animou no novo modo de ser Igreja é que ela passou a tocar em pontos cruciais da vida em sociedade, enquanto determinação histórico/cultural e econômico/social. Estamos longe sabemos, de assumirmos como Igreja, com a coragem e coerência necessárias, temas complexos milenares, como é este que me atribuíram VER por ocasião do 14º Intereclesial das CEBS, a ser realizado em Londrina/PR, em janeiro de 2018: A questão da Violência e Segurança. Mas é essa Igreja que num período foi silenciada e proibida de falar das coisas que aconteciam com os filhos de DEUS, que depois, mobilizada e comprometida com a opção preferencial pelos pobres, passa a ser protagonista de muitas lutas sociais. E a partir daí, movimentos, campanhas, gritos, organizações, métodos que nos ajudam ver, julgar e agir, recolocam a Igreja no meio do povo e engajada nas comunidades que lutam na defesa intransigente dos direitos humanos e dignidade universal.

De outro lado, Violência e Segurança são temas que estão na base da contradição do capitalismo e se reproduzem conforme as forças políticas e econômicas mundiais e de interesse do tal mercado, jamais se preocupando com a vida das pessoas, a não ser àquelas milhares, que ainda escravizadas, servem para reproduzir a riqueza estocada e concentrada nas mãos de pouquíssimos. O documento “Faces da Desigualdade no Brasil – Um olhar sobre os que ficam para trás”, (Clacso, 2017) cita que recentemente, um relatório da Oxfam sobre a desigualdade brasileira, informa que apenas 6 pessoas possuem riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. E que os 5% mais ricos detém a mesma fatia de renda que os demais 95%”. O que se espera então de uma Igreja missionária e que se quer libertadora?

É sabido que a Segurança seja ela pública, privada, comunitária, institucional, vincula-se ao campo do poder e atende ao propósito da reprodução do mundo invisível do poder que gera muitas violências, isto sim. Os investimentos em (in)Segurança Pública não tem significado redução da violência, muito menos de proteção. A violência e segurança só estão juntas aqui, porque respondem à mesma lógica da repressão e opressão do mundo urbano à maioria da população brasileira e independente das regiões e realidades do país.

É decisivo entender a Violência como resultado da negação da proteção integral, da garantia dos direitos fundamentais da pessoa humana, de políticas públicas universais, do projeto de felicidade, do cuidado e afeto necessários à realização humana.

É justamente essa negação da proteção e da omissão do estado e da sociedade que se revela nos altos e inadmissíveis índices de violência contra a mulher, contra a juventude negra das periferias, nos povos indígenas e tradicionais, no racismo, na intolerância religiosa, na violência policial, no abuso sexual, no trabalho infantil, na homofobia, no abandono de idosos e pessoas com deficiência, da população de rua, na violência do campo, violência urbana, toda violência que fere os direitos humanos, as liberdades, os trabalhadores, assim como o narcotráfico, o uso de armas de fogo, roubos e assaltos. Mas não fomos feitos pra isso!!!

 O único compromisso ético do cristão e de quem atravessou rios, mares, montanhas, estradas de chão, dezenas de horas nas estradas desse imenso Brasil, para estar nesse grande Encontro das CEBS, deve ser o de rejeitar qualquer sistema que não permita assegurar a toda população, suas necessidades fundamentais, seguranças sociais, o direito à cidade, a segurança alimentar, a realização pessoal e coletiva, inclusive, na forma do artigo 6º da Constituição Federal de 1988, que trata dos direitos básicos.

É nessa conjuntura de total insegurança social e política do país, vivendo ameaças diárias à destruição do estado democrático de direito e a condenação mais dramática à pobreza e ao sofrimento humano, somos chamadas/os a assumir corajosamente nosso compromisso de denúncia e anúncio das tarefas revolucionárias na construção do reino e da vida em abundância, pelas comunidades afora! E não terminará tão cedo. Se avizinha a Campanha da Fraternidade/2018 que nos chama à “Fraternidade e Superação da Violência”, porque “Em Cristo somos todos irmãos”.

                                                

Marcia Helena Carvalho Lopes

Graduada em Serviço Social pela UEL e mestre em Serviço Social pela PUC/SP. Foi vereadora em Londrina, Conselheira Municipal, Estadual e Nacional da Assistência Social, secretária executiva e Ministra do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no Governo Lula. Professora a mais de 30 anos do curso de Serviço Social na UEL. Experiência na área de Políticas Sociais, com ênfase na Política de Assistência Social, atuando principalmente nos seguintes temas: política pública, sistema único de assistência social, gestão pública, políticas setoriais.

 

 

JUlgar  ( em construção- aguardando texto)

 

Pe. Vilson Groh

Vilson Groh,  padre brusquense que vive na periferia de Florianópolis, é tipicamente um homem do povo. É no meio dos pequenos, dos pobres, daqueles que vivem na vulnerabilidade social, que ele se sente mais feliz. Há 35 anos sua vida é dedicada a colaborar para com a construção das políticas públicas e promover a cidadania entre as comunidades.

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