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19/11/2017 – O Primeiro dia Mundial dos Pobres. “Não amemos com palavras, mas com obras (1 Jo, 3,18)”

  “A experiência da pobreza nas mais diversas manifestações já faz parte das nossas trajetórias. A pobreza é uma realidade multifacetada, desumana e injusta: consequência, sobretudo, da forma como se pensa e se organiza a vida em sociedade. A pobreza é um fato complexo.”

 Gustavo Gutierrez, teólogo peruano

O Papa Francisco, reunindo certamente experiências com as quais convive em Roma ou ao redor do mundo nas suas viagens, sugeriu para a Igreja a realização do Dia Mundial dos Pobres. É uma proposta concreta lançada pelo Santo Padre ao final do ano Santo da Misericórdia. A primeira edição deste dia  ocorre hoje:  19 de novembro de 2017.

Seguindo a inspiração do Papa Francisco, “vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no centro do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lazaro bater a porta da nossa casa (cf. Lc 16, 19-21).  Além disso, este dia “constituirá uma forma genuína de nova evangelização (cf. Mt 11,5), procurando renovar o rosto da Igreja na sua perene ação de conversão pastoral para ser testemunha da misericórdia”, afirma.

Ao comentar o tema, “Não amemos com palavras, mas com obras (1 Jo, 3,18)”, diz:  “ Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo <<discípulo amado>> até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres”.

A Cáritas Nacional ofereceu algumas reflexões e indicações para a celebração deste dia. Chamam atenção algumas palavras de Gustavo Gutierrez, teólogo peruano, sobre a pobreza: “A experiência da pobreza nas mais diversas manifestações já faz parte das nossas trajetórias. A pobreza é uma realidade multifacetada, desumana e injusta: consequência, sobretudo, da forma como se pensa e se organiza a vida em sociedade. A pobreza é um fato complexo. Não se limita, portanto, sem que isto signifique negar sua importância, à vertente econômica. A realidade de países plurirraciais e pluriculturais, (…), colocou-nos rápido e diretamente diante dessa diversidade. Visão reforçada pela complexa compreensão que a Escritura, nos dois testamentos, tem pobres: os que mendigam para viver, as ovelhas sem pastor, os ignorantes da Lei, aqueles que são chamados “os malditos” no Evangelho de Joao (7, 49), as mulheres, as crianças, os estrangeiros, os pecadores públicos, os enfermos de males graves”.

A reflexão continua: “A pobreza não é uma fatalidade, é uma condição. Não é um infortúnio, é uma injustiça. É resultado de estruturas sociais e de categorias mentais e culturais. Esta relacionada ao modo como a sociedade foi construída, em suas diversas manifestações. É fruto de mãos humanas: estruturas  econômicas e atavismos sociais, preconceitos raciais, culturais, de gênero e religiosos acumulados ao longo da história, interesses econômicos cada vez mais ambiciosos; portanto, sua abolição também está em nossas mãos”.

Já ao final da mensagem para este Primeiro Dia Mundial dos Pobres, o Papa manifesta a sua esperança: “Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres pemite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho”. Assim, me parece mais uma sugestão altamente profética do Papa.

Por Dom Geremias

Fotos: Comunicação do Intereclesial

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