Shadow

4° Domingo da Quaresma – Ano C

Leituras: Js 5,9a.10-12 – Sl 33 – 2Cor 5,17-21 – Lc 15,1-3.11-32

Por: Quininha Fernandes Pinto

Neste domingo, as leituras nos convidam a refletir sobre o perdão. Não basta ter permanecido sempre na casa do pai para participar do banquete; é preciso saber perdoar. Não basta nada ter feito de reprovável; é necessário também esperar e desejar a vinda daquele que se afastou do núcleo familiar, saiu em busca de outros mares. Não basta ter observado rigorosamente as leis de Deus e do Estado, ter trabalhado sempre por um mundo mais justo; não basta tampouco que os países ricos peçam – o que seria justo – perdão às populações mais pobres e subdesenvolvidas, por tê-las explorado… não basta! A narrativa do Evangelho de hoje fala da parábola do Pai Misericordioso – mais conhecida pelo nome da “Parábola do Filho Pródigo” – cuja ênfase titular recaía sobre a coragem do filho mais novo voltar e pedir perdão, o que é bastante louvável. Quando acentuamos a magnitude da postura do Pai que corre ao encontro do filho, voltando arrependido, com fome, e, ao abraçá-lo, lhe restitui a dignidade de filho, o direito à herança, e reafirmando o lugar que possui no seu coração, então é a misericórdia e o perdão que ficam evidenciados! É o exemplo deste Pai que nos é oferecido como referência. Devemos ser capazes de perdoar a quem caiu… Ao contrário, expulsamos de casa tantas filhas que engravidaram precocemente ou se comportaram de forma não-exemplar; abandonamos os nossos jovens que se tornaram dependentes químicos; crucificamos os casais – leia “as mulheres” – separaras/divorciadas/desquitadas com posturas morais hipócritas e injustas, exigindo que se afastem dos trabalhos pastorais e religiosos; abominamos as pessoas que não se enquadram nos padrões sexuais estabelecidos como “normais”; exigimos uma perfeição das pessoas que está longe de nós vivê-la, enfim, vemos um “cisco no olho do irmão” e não vemos a trave dos nossos olhos. Somos, na maioria das vezes, o filho mais velho, “certinho” que está sempre em casa – na igreja! – cumprimos os preceitos sociorreligiosos; não queremos mal a ninguém, nos consideramos justos… Mas, talvez invejemos os que erram, os que têm coragem de “voltar” porque nós nunca saímos do conforto que a proximidade do Pai nos proporciona, do comodismo de ter quem tome iniciativas por nós e por isso, não corremos o risco de errar… E quando percebemos que o Pai está ao lado dos que erram – dos vulneráveis e pequenos – ficamos enraivecidos, enciumados, e lançamos na “cara de Deus” a nossa “fidelidade” a Ele, os nossos trabalhos, a nossa “santidade”… Sim, nós cobramos do Pai tudo isso, quando as coisas não acontecem como previmos, ou sonhamos e planejamos… Basta surgir uma doença, uma morte inesperada, uma desgraça imprevisível… “Mas, Senhor, porque eu?”…O perdão é difícil de ser vivido. A dor de uma injustiça sofrida é amarga. No entanto, o exercício do perdão é santificador, nos humaniza, faz com que percebamos também a possibilidade real de sermos injustos, irresponsáveis, mesquinhos.. Na sua encíclica “Fratelli Tutti” – sobre a fraternidade e a amizade social, o Papa Francisco nos propõe refletir sobre o valor e a promoção da paz. E afirma que a paz está ligada ao perdão; que devemos amar a todos sem exceção, mas amar um opressor, significa ajudá-lo a mudar e não permitir que ele continue a oprimir o seu próximo; amar o tirano é tirar dele os mecanismos da sua tirania… Perdão não significa impunidade, mas sim, justiça e memória; não significa esquecer, mas renunciar à força destrutiva do mal e da vingança – cf. FT capítulo 07. Nestes tempos sombrios de guerra, de desemprego, do absurdo aumento dos preços que se paga para viver, tempos de fome, de tantos males que insistem em fazer permanência no nosso mundo, saibamos fazer o exercício diário do perdão que inclui a nossa capacidade de refletir e reconhecer que também somos vulneráveis ao erro e à injustiça, necessitando sempre do perdão de Deus e dos irmãos. Que seja assim, que assim seja! Bjs 😘 no coração ❤️

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