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Reflexões da Palavra | 5º Domingo da Páscoa – Ano B

Leituras: At 9,26-31 – Sl 21 – 1Jo 3,18-24 – Jo 15,1-8

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

A situação das primeiras comunidades cristãs é exemplar para se compreender as tensões da Igreja em nosso tempo; esta é a capacidade atualizadora da palavra de Deus. O trecho evangélico de hoje põe em evidência a tensão do crescimento da Igreja; ela é a nova vinha que substitui a antiga: o Povo de Israel, que frequentemente no Antigo Testamento é indicado por esta imagem. A nova vinha – Novo Testamento – nasce de um único tronco, Cristo Jesus, mas está destinada a cobrir toda a terra com seus frutos. O seu crescimento não é fácil; ela é maltratada por repentinas fases da seca, de geada e de dolorosas podas, mas não podem faltar os frutos nos caules inseridos/ligados na videira fundamental. O Povo de Deus é apresentado sob a imagem agrícola da vinha. A insistência da leitura, porém, não está na imagem global do povo, e sim na comunhão ou na possibilidade de não-comunhão entre os membros desse povo com Cristo. Isto pode explicar a redução da imagem da vinha – conjunto de videiras – à da videira – uma única! O critério para saber se existe a comunhão entre o cristão que é o ramo e Cristo que é a videira, é dado pelos frutos, pela observância dos mandamentos e do amor fraterno – cf. a segunda leitura -. Nesta leitura da carta de João é indicado aos cristãos o critério para saber se eles são de Deus! Tudo pode ser resumido em perceber como Cristo dá sua vida pelos irmãos: “… não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!”.

Em tempos de tantas intolerâncias e tantas discriminações raciais, étnicas, ideológicas, sexistas e religiosas, as leituras deste domingo podem oferecer pistas seguras para um bom discernimento. Saberemos se estamos ligados à videira – como ramos que somos! – pelos frutos que produzimos. O amor aos irmãos, e aqui não são os irmãos mais próximos, pois amar os irmãos de sangue, os irmãos-amigos, os irmãos com os quais já temos uma certa afinidade, não é difícil… O desafio é direcionar o nosso amor aos mais pobres, aos afastados do nosso reduto sócio-religioso e político, aos que ninguém ama e jogam pedras, como os descriminados, os desempregados, os LGBTQIA+… a população de rua, os doentes, os migrantes. Estes tempos de pandemia têm sido momentos muito difíceis, mas paradoxalmente, também têm sido tempos de exercitamos o amor ao próximo de maneira pontual e diferenciada. Os problemas e situações inusitadas podem ser vistos como oportunidades de fazermos o bem, de emprestarmos nossas vozes para a defesa dos pobres e trabalhadores que veem seus direitos desrespeitamos e suas vidas ameaçadas. Talvez não tenhamos uma outra oportunidade, tão contundente, para mostrarmos a força que, como ramos, extraímos da videira que nos nutre: Jesus Cristo! Talvez o momento atual seja um momento ímpar para dizermos ao mundo que Rosto tem o nosso Deus, que modelo de Igreja nos fortalece, constituindo o Corpo Místico de Cristo e que Mestre seguimos como discípulos/as…

Feito isto, estaremos demonstrando uma ligação profunda com a videira e, ainda sim, seremos cortados, podados para darmos mais frutos ainda… Cortados? Sim… cortados, para adquirir mais força; não é fácil! Mas quem disse que seria? Força e coragem!

Que seja assim. Beijos no coração.

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