Na manhã do dia 27 de outubro de 2018, na reserva indígena Gomes Carneiro, aldeia de Córrego Grande, a 105 km de Rondonópolis, dom Juventino Kestering, Irmã Ida Santos e equipe de leigos e leigas se deslocaram para ir ao encontro do povo Boe Bororo e celebrar o sacramento da crisma com 32 jovens. Os mesmo foram acompanhados e preparados pela missionária Silvia Pinheiro que reside na aldeia e por lideranças religiosas da comunidade indígena.
Foi um dia de festa com muita alegria, pois o Povo Bororo espera com ansiedade este dia em especial com a vinda do bispo, pois para eles é o chefe maior que vem trazer a benção, a paz e a harmonia para a aldeia.
A celebração aconteceu no espaço sagrado do povo Bororo, o Baito, lugar dos principais rituais da cultura desde os ritos de nominação das crianças, rito de iniciação dos adolescentes e em especial os ritos fúnebres por ocasião da morte.
Os ritos do sacramento da crisma tiveram inicio com uma acolhida e caminhada de entrada dos crismandos com seus padrinhos e madrinhas, tendo à frente o bispo, pois para eles é o chegue que vai à frente. Uma vez dentro do espaço sagrado dom Juventino agradeceu a oportunidade dos chefes religiosos de permitirem a celebração da missa no espaço sagrado e convidou a todos não indígena para se abaixarem, colocar a mão na terra e da terra invocar a bênção como rito inicial da missa. Em seguida o ancião José Agua com muita devoção e ritualidade trouxe a vela acesa e a colocou sobre o altar, pois a luz para o povo Bororo tem significado místico.
Na liturgia da Palavra três meninas, Larissa Amena, Isle Rafaele Boro e Benedita Koge, trouxeram a Bíblia, a vela acesa e as velas que para o crisma. Uma indígena leu a palavra de Deus.
Após o evangelho dom Juventino deu início aos ritos da crisma, com o compromisso dos crismandos e dos padrinhos. Em seguida os padrinhos vieram acender a vela no círio pascal que estra nas mãos do chefe dos rituais e quando todos estavam com vela acesa cada padrinho e madrinha entregou a vela acesa ao afilhado e dizendo: “Recebe a luz de Cristo”. Fizeram a renovação das promessas do batismo, a profissão de fé. Momento significativo foi a imposição das mãos do bispo sobre os crismando com a oração própria. Em seguida cada crismando se aproximou do bispo e foi ungido na fronte e por todo rosto uma vez que pintar e ungir tem significado profundo para a cultura. Na ocasião também alguns crismandos fizeram a sua primeira comunhão eucarística.
Antes da comunhão dom Juventino explicou que alguns dos participantes iriam participar da eucaristia, mas que depois da missa todos iriam participar do rito da partilha do alimento. (A diocese oferece por ocasião dos sacramentos frutas como laranja, banana que são as frutas preferidas. Para o Povo Bororo não há rito sem que todos participem da partilha de alimentos. Dar alimento é o maior rito de acolhida. O rito, sem nenhuma palavra de ordem, pois faz parte da cultura inicia com os pequenos, depois adolescentes, depois a mulheres e por último os homens. Caso falte alimento quem deve passar fome são os adultos homens e não as crianças, adolescentes e mulheres. Todos se alimentaram e ainda sobraram frutos para doação à Escola local)
A aldeia conta com mais de 550 indígenas residentes e em torno de 190 crianças e adolescentes.
O Povo Bororo reside nesta região do sul do Mato Grosso por mais de dois mil anos. São os povos originários do lugar. Mas com a colonização e ocupação das terras os mesmos foram se retraindo e hoje estão em diversas aldeias, mas em três reservas. A diocese de Rondonópolis-Guiratinga tem um apreço pelos indígenas no seu Plano de Pastoral bem a como a presença nos grandes eventos da diocese como na romaria dos Mártires, Missa do crisma e assembleia diocesana.
Pastoral da Comunicação (Pascom)
Diocese de Rondonópolis-Guiratinga
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