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Formação em Nova Xavantina (MT) discute identidade, círculos bíblicos e conjuntura

Diocese de Barra do Garças investe nas formações sobre CEBs. (Foto: Eduardo de Oliveira)

A conjuntura do Brasil, a identidade das Comunidades Eclesiais de Base e a importância dos círculos bíblicos. Esses foram os assuntos tratados no 2º Encontro de Formação das CEBS da Diocese de Barra do Garças (Etapa Forania Norte), que ocorreu nos dias 25 e 26, na cidade de Nova Xavantina (MT), Regional Oeste 2.

O tema do evento foi “Identidade e Espiritualidade das CEBs”. O primeiro encontro da diocese ocorreu em abril no município de Barra do Garças, como se pode ver nesta notícia.

 

Quem somos?

A leiga Eloísa de Oliveira Lima apresentou o tema “Identidade das Comunidades Eclesiais de Base”. Ela destacou que as CEBS têm na sua essência a disposição em seguir o exemplo de Jesus Cristo, especialmente no que diz respeito à inclusão do marginalizado, ao amor acima da lei e à defesa irrevogável da vida.

Também falou que as Comunidades Eclesiais de Base possuem espiritualidade profética e libertadora e fazem a opção pelos pobres e marginalizados. Eloísa disse ainda que as CEBs têm compromisso com as transformações sociais. Ao final, ela relembrou os desafios que se apresentam no dia a dia e a necessidade de enfrentar isto para que sigamos na caminhada.

Encontro teve exposições e trabalhos em grupo. (Foto: Eduardo de Oliveira)

 

Partilha das comunidades

O jovem Eduardo de Oliveira ajudou na partilha das lideranças de comunidade, lembrando que é preciso que o projeto de Deus aconteça em nossas bases. Ele é da Pastoral da Juventude do município de Pontal do Araguaia e ressaltou a importância de retomar o nosso jeito de ser igreja e retomar o projeto de Medellín.

Nessa cidade colombiana, em 1968, ocorreu uma Conferência Episcopal em que os bispos da América Latina afirmaram a opção preferencial da igreja pelos pobres.  Conheça mais sobre esta história aqui.

 

Círculos bíblicos

A articuladora das CEBS Héllen Pereira Luz trouxe a importância do fortalecimento dos círculos bíblicos. Afinal, é nesses pequenos grupos que o povo se reúne para celebrar a fé e a vida diante da Palavra de Deus. São espaços de vivência de amor, acolhida, de partilhas da realidade, onde todos são ouvidos, e também espaços para pensar ações em comum que ajudam na comunidade eclesial e na sociedade.

“Não podemos deixar de viver nesses espaços de comunhão fraterna e de luta e que são uma característica forte das CEBS”, disse. Héllen atua na diocese de Barra do Garças e integra a coordenação regional de CEBs.

As refeições também foram momentos de alegria e partilha. (Foto: Eduardo de Oliveira)

 

Análise de conjuntura

O padre salesiano Eloir Inácio, que trabalha com os indígenas Xavante e é assessor das CEBs, fez a análise de conjuntura sociopolítica e eclesial. Houve exposição e trabalhos em grupo.

Padre Eloir mostrou como a atuação das CEBs está baseada no que disse e no que viveu Jesus Cristo. Falou da necessidade das cristãs e cristãos compreenderem e praticarem a dimensão política da fé. E também desmontou as mentiras sobre a Operação Lava Jato e o juiz Sérgio Moro.

 

“O Sínodo Pan-Amazônico é uma grande possibilidade de renovação e ousadia para a Igreja Católica”, disse o padre

 

Padre Eloir explicou que o impeachment contra a presidenta Dilma em 2016 foi um golpe, porque não encontraram nenhum crime dela. “Foi um acordo das forças de direita para enfraquecer o governo dela e implantar um programa capitalista e contrário aos direitos da população”. Provas disso foram a Reforma Trabalhista, a PEC do Teto de Gastos (que congelou por 20 anos gastos primários do governo com saúde, educação e outros).

O religioso afirmou que a prisão de Lula também foi um golpe, para impedi-lo de se candidatar à presidência. Juristas de todo o país mostraram que não há prova de que ele é dono do apartamento do Guarujá (SP).

Mártires da caminhada também foram lembrados no encontro. (Foto: Eduardo de Oliveira)

Padre Eloir falou, ainda, da possibilidade de um novo golpe, caso os candidatos da direita não ganhem as eleições. Isso poderia ser feito pela aprovação de um sistema semiparlamentarista (com menos poder ao presidente eleito) e até com fraude nas votações.

Por fim, falou do Sínodo Pan-Amazônico, que vai ocorrer em outubro de 2019 em Roma, coordenado pelo papa Francisco. “Esse evento eclesial é uma grande possibilidade de renovação e ousadia para a Igreja Católica”, disse. O objetivo do sínodo é construir uma espiritualidade amazônica, valorizando os povos da floresta, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, o que inclui o Brasil e, em específico, também Mato Grosso.

 

Héllen Luz Pereira e padre Eloir Inácio (texto) e Eduardo de Oliveira (fotos)

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