José Damasceno de Oliveira, membro da Comissão do MST Nacional, apresentou aspectos da econômica globalizada e alertou para que as lutas ainda não estão globalizadas, o capital sim. As corporações são internacionais, o capital não tem fronteira, é preciso que a solidariedade também não a tenha.
Estamos vivendo a crise do capital. Limite da taxa de lucro. A lógica do capital tem que se reinventar, por isso avança para aumentar o lucro. Capital não tem coração. O lucro e o mercado não têm valores cristãos. A indústria da guerra avança para destruir e depois lucrar na reconstrução, dominar territórios e tomar riqueza. Daí a população de sobrantes, migrantes e excluídos. Se ameaçado o capital se torna violento.
A base da nossa sociedade é a economia. Não existe saída em curto prazo. Nos EUA 15% de desempregados, na Europa aumento da população sem condição de subsistência e da mendicância. No Brasil a situação é ainda pior. A crise politica é fruto da crise econômica. Saímos de pleno emprego em 2013, diminuição da miséria entre os pobres. A partir daí entramos na crise, a taxa de lucro caiu e começou a movimentação para inverter a lógica da economia. Do investimento e abertura de crédito e emprego passamos para o desemprego, retirada de direitos, retirada de serviços sociais, congelamento dos gastos públicos e precarização dos serviços aos mais pobres. A população aumenta e inversamente o investimento em politicas públicas diminui.
A Igreja do Brasil assumiu postura profética e em favor da vida no período da ditatura militar. Temos essa missão ainda hoje.
Hoje vivenciamos um golpe, implementado pelo judiciário e pela mídia. Os meios de comunicação ainda passam pelas grandes corporações, não avançamos num projeto de comunicação social e comunitária. A elite ideológica domina as massas e comanda os rumos da economia e em consequência a sociedade. Existe a elite partidária, que se agarrou ao poder e disputa a hegemonia no Brasil. Tudo muito orquestrado e organizado, que deixa envergonhado a muitos dos brasileiros.
O congresso brasileiro hoje é uma coisa escandalosa, que esconde toda sorte de crimes contra o povo.
O mais grave é que o ataque não é só contra os direitos, mas na inversão de valores como solidariedade entre os povos e pessoas e contra a fraternidade, para que a ausência deles facilite esse projeto de ódio que vem sendo disseminado. As relações humanas e interações entre as pessoas estão sendo bombardeadas e enfraquecidas pela crescente onda de violência, especialmente contra os pobres, jovens e negros. Morrem 07 pessoas assassinadas por dia sob a alegação de que são marginais e criminosos. “Quem é mal pago para cuidar, acaba sendo vitimado ou agressor, entrando na lógica perversa e funcional onde o HOMEM é LOBO DO HOMEM”. Cresce a violência contra as maiorias oprimidas, depois que um deputado agride uma mulher em rede nacional, violência parece estar autorizada e o fascismo cresce assustadoramente, reafirmando o machismo, para a além da relação de gênero , mas no domínio do capital. Num total 107 milhões de trabalhadores, 14 milhões de desempregados em busca de trabalho. Outra quantidade ainda maior de marginalizados e informais, sem carteira de trabalho, moradia ou condições de exercer atividades laborais.
Tendemos a vivenciar um período de profunda crise. Estamos anestesiados pelo ataque cultural e lavagem cerebral que vem sendo apresentada pela grande mídia. Precisamos retomar nossa resistência, a consciência de solidariedade. A Sociedade nesse caminho é uma fabrica de pessoas violentas. É melhor preparar uma sociedade que se fortaleça culturalmente pois, enquanto nação, corremos o risco de ao invés de avançar, retroceder para tempos sombrios. Daí a necessidade de clarearmos nossa visão e assumirmos o protagonismo.
Leoni Alves Garcia- Comunicação do 14º
Fotos Wellington Ferrugem (Pascom)
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Ooops...
Você precisa estar autenticado para enviar comentários.