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Reflexão da Palavra | A Procissão do Encontro

Por: Quininha Fernandes Pinto

Na piedade da Semana Santa, nosso povo costuma participar da Procissão do Encontro. Uma tradição que traz à memória o encontro de Jesus com sua mãe no caminho da Cruz. É o encontro de uma mãe que acompanha seu filho que vai ao encontro da morte. Este “encontro” atualizado para os nossos dias, encarnado na nossa realidade e em nosso mundo, bastante diferente da época de Jesus, leva-nos a pensar sobre tantos outros “encontros”, não menos tristes e sofridos vividos por nossas mulheres/mães e também por tantos pais, que veem seus filhos/filhas/amigos/familiares sucumbirem diante da morte! São “encontros” permeados de sofrimento, de dor, de sangue, de injustiças, de discriminação, de violência, de pouco caso diante da vida… São encontros não marcados, não queridos, mas acontecidos e realizados pela força do Mal. Foi esta realidade que matou Jesus! É com esta realidade que Maria se encontrou… e disto fazemos hoje memória.
É esta realidade que leva ainda hoje – mais de 2000 anos depois – tantas mulheres e tantas pessoas, a se identificarem com Maria, mãe de Jesus e mãe nossa. É por ela ter passado por essa dor que sabemos que ela nos entende… e atende! Foi por ela ter se mantido de pé aos pés da cruz, que lhe pedimos forças para não desanimarmos sob o peso das nossas cruzes… É por ela ter tido forças para não abandonar seu Filho que nós não abandonamos os nossos, apesar de tudo… E nesses “desencontros” que a vida marca sem que queiramos, lembremo-nos das mães que “encontram” seus filhos à beira da estrada, doentes, escravizados pelas drogas, vítimas do racismo estrutural que também crucifica nossos jovens e os mata sem dó e piedade. Lembremo-nos da violência contra as nossas filhas, meninas, crianças causada por um machismo que nos vê como “carne” que alimenta a sua fome de prazer/poder descontrolada e animalesca, assassina, roubando-lhes a dignidade e a vida. Lembremo-nos das mães/pais que se “encontram” com os filhos nas unidades carcerárias, nos hospitais, nas desumanas moradias ou mesmo na ausência delas, nas ruas, nas calçadas…
Lembremo-nos das mães que por tantos motivos sofrem a ausência dos filhos, a solidão da velhice, a falta de cuidado/remédios, a inimizade entre irmãos, o desemprego que desumaniza e também mata… Lembremo-nos das mães que mandaram e ainda mandam seu filhos para a guerra e tantos não voltam… a guerra urbana, a guerra do tráfico, a guerra contra o preconceito, as guerras entre milícias, as guerras que têm tantos nomes!!!
Tudo isso levou Jesus à Cruz. Tudo isso continua matando Jesus todos os dias – “O que fizeres a um desses pequeninos, a mim o fazes!”.
Não deixemos morrer, não deixemos crucificar a nossa esperança. Não deixemos que matem a certeza de Ressurreição que vive em nós. Jesus é esta certeza. Pensemos nisso.

Bjs 😘 no coração 🥰

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