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Reflexão Palavra | 6° Domingo da Páscoa – Ano C

Leituras: At 15,1-2.22-29 – Sl 66 – Ap 21,10-14.22-23 – Jo 14,23-29

Por: Quininha Fernandes Pinto

No domingo passado a mensagem do Evangelho era sobre a Nova Jerusalém, a “cidade” amada/sonhada/querida por Jesus, evidenciando, assim, o que é o Reino de Deus. Hoje as leituras nos mostram que nesta “cidade” não há templos, porque o Senhor e o Cordeiro são o seu templo. É uma afirmação surpreendente! Nesta realidade futura/escatológica, não mais teremos necessidade daquilo que na terra, aqui e hoje, são apenas sinais e instrumentos. São mediações, para chegar, para alcançarmos esta realidade que nos ultrapassa. O templo de Jerusalém, e os nossos, são necessários, mas relativos… Sinais tangíveis da presença de Deus no meio do povo, constituem um ponto de referência importante para a unidade, mas corremos o risco de dar uma falsa segurança, de tipo pagão, baseada em cultos formalistas que em nada caracterizam a fidelidade ao Deus de Jesus. A intervenção de Jesus na História humana, deu um novo sentido ao Templo/Igreja. Só ele é capaz de um culto verdadeiro, agradável a Deus, o da obediência espiritual que vai até a morte de cruz. Na paixão, seu corpo se torna o templo em que se oferece o único sacrifício digno deste nome, a única realidade visível e sagrada. Aquilo que no evangelho deste domingo é dito por Jesus como “guardar a minha palavra”, que não é d’Ele, mas do Pai que o enviou; fazer o que Ele fez, ou tentar… Entender isto significa priorizar a vida/mensagem de Jesus – que bem sabemos qual é – à frequência aos cultos, missas, adorações, terços, etc. – espiritualidades importantes, mas que devem ser relativizadas, diante do mistério do amor incondicional aos irmãos/irmãs! Se todas estas devoções não me ajudarem a ir ao encontro deles/delas para amá-los, de nada servem! O templo e tudo o que está intimamente relacionado com ele, só faz sentido como expressão, caminho para o encontro com o Outro, sobretudo o Outro pobre, com frio, abandonado… Se os cultos que tanto gosto não me levarem a sair do templo para encontrar o irmão/irmã que de mim precisa, de nada valem. Quando o Papa Francisco nos propõe uma Igreja em saída, com cheiro de gente, e suja de lama do caminho é isto que ele quer dizer… O Templo por excelência é Jesus, que escolheu o nosso coração para fazer morada ao retornar – Festa de Pentecostes – Tempo do Espírito Santo, o Defensor, prometido por Ele. Entender isso nos faz relativizar a obsessão que, por vezes, temos em ir/frequentar a igreja, dela cuidar ao extremo e não nos incomodar com o sofrimento causado pela fome, pelo frio, pelas injustiças políticas, pelas desigualdades sociais. O Evangelho desta liturgia é uma parte do discurso de despedida de Jesus. E Ele promete que não nos deixará sós: “Vou, mas voltarei a vós”. Assim se realiza a verdadeira presença de Deus entre nós, no Templo do nosso coração, na nossa vida. E é esta realidade que nos permite também ver o Outro como sacrário do Espírito de Deus no mundo com coragem para transformá-lo. Pensemos nisso. Bjs no coração.

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