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Reflexões da Palavra | 18º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Leituras: Ex 16,2-4.12-15 – Sl 77 – Ef 4,17.20-24 – Jo 6,24-35

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

As leituras deste domingo continuam oferecendo como tema central a fome, a falta de pão e a exigência de uma resposta por parte do Senhor – no AT – e de Jesus, na passagem narrada por João. Os profetas haviam ensinado o povo a ler em um fenômeno natural um sinal da presença divina. E diante dos murmúrios dos filhos de Israel diante da fome, o Senhor faz chover o pão do céu. No domingo passado vimos que Jesus realizou o sinal da multiplicação dos pães, saciando a multidão que o acompanhava. Hoje o povo novamente procura por Jesus, em consequência do ocorrido. Jesus realizou sinais para revelar a sua pessoa, para manifestar a presença do Reino de Deus entre eles, mas as multidões só o compreenderam na linha de suas necessidades materiais. Jesus quer levá-los à compreensão da sua pessoa, porque somente se compreenderem na fé quem Ele é, será possível “dar-se” a eles como alimento. É necessário crer n’Ele, isto é, reconhecer que se têm necessidade dele, tanto ou mais, como do alimento material que nos mantém vivos. É uma grande exigência! Por isso o povo lhe pede que dê uma demonstração de si, mediante um sinal que seja comparável ao de Moisés – cf. a 1a leitura – que fez chover o pão do céu. Os que fez até agora não foram suficientes… e é neste contexto que o Evangelho deste domingo se apresenta. Jesus diz: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna…”. Ao dizer isso, Jesus não está colocando a busca do material que sacia a nossa fome e sustenta o nosso corpo em situação desfavorável. O nosso alimento/pão de cada dia é extremamente importante para nos manter vivos… mas sozinho ou desvinculado do alimento da fé em Jesus – o Pão da Vida – não nos garante a vida plena, eterna, o face à face com Deus. E Jesus se revela a nós como esse pão! Dizendo isto, os discípulos pediram a Jesus que lhes desse pão. Ao que Jesus responde: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

As “fomes e sedes” que Jesus sacia transcendem o “pão eucarístico” celebrado pelos cristãos católicos, por isso Jesus é Pão da Vida para cristãos e não-cristãos, basta crer e/ou fazer o que Ele fez. Nem todos entendem isto. Há uma arrogância por parte de muitos católicos de acharem que somos donos de Jesus, da sua mensagem e da salvação oferecida por Ele. Grande engano. Tantos irmãos e irmãos de diversas confissões religiosas alimentam-se “desse Pão” e, movidos pela sua Graça, tornam-se aliados do projeto de Jesus:

* Jesus é nosso alimento e nos fortalece nas lutas contra a fome, contra as injustiças, contra a discriminação…

* Jesus nos dá ânimo para denunciar as forças do mal que atacam os nossos povos indígenas, os nossos irmãos/ãs LGBTQIA+, os irmãos negros, as mulheres vítimas de inúmeras violências…

* Jesus mata a nossa sede por respeito aos jovens, aos professores, aos moradores de rua, aos encarceirados, todos tão desrespeitados pelas autoridades e por políticas tendenciosas e excludentes.

* Jesus é nosso alimento no ato de esperançar – esperamos e acreditamos, fazendo acontecer o que queremos! – na façanha de ternurizar o mundo – uma ternura firme, confiante e afetuosa, sem ser romântica!

* Jesus é o Pão da nossa vida: que nunca falta, que se multiplica, que nas horas difíceis nos sustenta, não nos deixando desanimar.

* Jesus é o Pão que não nos deixa indiferentes com a falta de pão na vida dos irmãos, com a devastação das nossas florestas e a contaminação do meio ambiente…

* Jesus é Pão que não se estraga, Pão de vida, a certeza de ter Deus conosco, do nosso lado, sempre.

O pão prefigurado no deserto e prometido por Cristo se torna agora real: o pão é ele mesmo; sacia a fome de verdade que há dentro do nosso coração, se nos alimentamos dele com fé. Amém. Bjs no coração.

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